Baixada Santista teme crise na Usiminas

Regional Santos

Por Regional Santos

Baixada Santista teme crise na Usiminas

O anúncio do fechamento da unidade de produção de aço da Usiminas, em Cubatão, colocou a Baixada Santista na iminência de séria crise econômica, que ameaça todos os setores indistintamente.  O fato teve grande repercussão entre os prefeitos da região e deixou inclusive o setor da construção civil em alerta. A decisão da companhia provocará 4 mil demissões, diretas e indiretas, com uma perda de quase 2% da massa anual de salário regional, ou seja, cerca de R$ 250 milhões. 
 “O fechamento de vagas atingirá inclusive as empreiteiras que prestam serviços à Usiminas. As consequências serão ruins para todos”, avaliou o diretor da Regional Santos do SindusCon-SP Ricardo Beschizza, afirmando que as demissões provocarão uma reação em cadeia que atingirá todos os setores da economia da Baixada Santista.
 “O problema não se restringirá aos trabalhadores da Usiminas. Sem os salários pagos pela siderúrgica, os desempregados perderão poder de compra, o comércio será atingido e todos os municípios da região sofreram impacto fiscal. Sem recursos, os municípios param. As obras de infraestrutura param. Todos sofrem”, afirmou Beschizza.
Para o diretor, a situação da Usiminas tem uma dimensão que extrapola a Baixada Santista, porque a decisão da siderúrgica foi tomada em um momento que a indústria brasileira perdeu espaço no mercado internacional. “A solução do problema não está restrita à região. Além da queda das vendas de aço no mercado interno, a Usiminas perdeu espaço lá fora. O problema precisa ser visto com seriedade. É necessário que se tente encontrar saídas rápidas”, alertou o diretor.
Reação
O Governo Federal, várias lideranças políticas e civis, além de sindicalistas, tentam reverter o cenário, mas a Usiminas, através de seu presidente Rômel Erwin de Souza, tem insistido que a empresa manterá sua decisão. Em nota divulgada à imprensa, a siderúrgica disse: “Nas atuais circunstâncias econômicas do país, esta é uma decisão inevitável até mesmo para a própria sobrevivência da empresa”.
A siderúrgica divulgou que acumula prejuízo de R$ 2 bilhões entre janeiro e setembro deste ano. Além disso, destacou as dificuldades enfrentadas por três dos seus principais clientes – setores que consomem aço plano.  No acumulado do ano, o setor automobilístico registrou queda de 20,1% na produção de veículos; os distribuidores de aço venderam 22,4% menos e o faturamento do setor de máquinas e equipamentos caiu 9%.
Estimativa do consultor financeiro Rodolfo Amaral, tomando por base o custo médio de cada trabalhador da área siderúrgica da Baixada Santista, aponta que a região perderá cerca de R$ 250 milhões de massa salarial anual. E o cenário fica pior se for considerado o impacto fiscal. Para o consultor, se esses R$ 250 milhões estivessem circulando nos supermercados e padarias, só a carga fiscal gerada somaria em torno de R$ 90 milhões por ano. 
Municípios
“Se o fechamento se concretizar, o município fecha”. Esta foi a forma encontrada pela prefeita de Cubatão, Márcia Rosa, para resumir os reflexos da decisão da siderúrgica. Conforme tem explicado a prefeita, Cubatão já vem sentindo nos cofres os reflexos da situação da Usiminas, tanto que a cidade já está trabalhando com receitas iguais às de 2008. “Com R$ 400 milhões (dos R$ 800 milhões de receita própria estimada), não se consegue bancar saúde, educação, transporte, hospital”.
 A prefeita alertou ainda que muitas empresas estão instaladas na cidade por causa da Usiminas e que o fechamento da unidade de produção de aço afetará todas elas, o que poderá provocar transferências e mais demissões. “Toda a Baixada Santista será afetada”, concluiu.
O Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb), presidido pelo prefeito de Santos,  Paulo Alexandre Barbosa, aprovou moção pública pedindo que a companhia suspenda a decisão por 120 dias e não prossiga com as demissões. Mas, Barbosa fez questão de esclarecer que a medida não é isolada e que caminhará conjuntamente com deputados, vice-governador e outras lideranças.
Guarujá também teme os reflexos negativos da crise da Usiminas. A prefeita Maria Antonieta de Brito estimou que dos 4 mil demitidos pela empresa, 2.500 trabalhadores, diretos ou indiretos, sejam moradores do município. Se os cortes se concretizarem, a previsão é de impacto imediato com o crescimento da demanda por políticas sociais, principalmente nas áreas de educação e saúde.

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