Construcarta Conjuntura: PIB tem alta de 1% no primeiro trimestre. Fim da recessão?

Enzo Bertolini

Por Enzo Bertolini

Construcarta Conjuntura: PIB tem alta de 1% no primeiro trimestre. Fim da recessão?

O PIB brasileiro teve sua primeira alta depois de oito quedas consecutivas. Na comparação dessazonalizada com o último trimestre de 2016, a variação foi de 1%, o equivalente a pouco mais de 4% em termos anualizados. Na comparação com igual trimestre do ano anterior, a variação ainda é negativa: -0,4%.
Com a mudança sensível do clima político ocorrida a partir de maio, o desempenho da atividade econômica no primeiro trimestre reflete uma visão do passado.
Na comparação dessazonalizada com o trimestre anterior, o maior crescimento foi registrado na agropecuária (13,4%), seguida pelos serviços industriais de utilidade pública como água, gás e esgoto (3,3%) e transporte e armazenagem (2,8%). Os piores resultados nessa base de comparação foram registrados no setor financeiro (-1,2%), comércio (-0,6%) e administração pública (-0,1%). O PIB da construção civil, muito embora tenha ficado abaixo da média global de 1%, apresentou avanço (0,5%).
Pela ótica da demanda, sempre na comparação dessazonalizada com o trimestre anterior, o consumo das famílias e gastos do governo apresentaram pequenas variações negativas (-0,1% e -0,6%, respectivamente). A formação de capital, por sua vez, teve nova queda (-1,6%). Com isso, a taxa de investimento teve nova queda, passando de 16,8% no primeiro trimestre de 2016 para 15,6% no período janeiro-março deste ano.
A grande contribuição para o PIB pela ótica da demanda veio do comércio exterior. Tanto exportações quanto importações apresentaram alta. Mas o avanço das exportações foi mais expressivo no trimestre: 4,8% contra 1,8% das importações.
Em termos do acumulado nos quatro trimestres encerrados em março, a variação do PIB continua negativa: -2,3%. Serviços de utilidade pública, extração mineral e agropecuária são os únicos subsetores a apresentar variações positivas nessa base de comparação, 4,9%, 1,6% e 0,3%, respectivamente. Mas o desempenho da construção civil permaneceu muito próximo ao observado no ano de 2016: -5,5%.
Os números do PIB do primeiro trimestre apontam que, finalmente, a economia brasileira estaria reagindo. O comportamento do consumo e do investimento ainda mostra sinais da falta de confiança dos agentes econômicos. Mas a retomada do nível global de renda, expresso pelo crescimento de 1% do PIB, poderia dar início a uma fase de maior otimismo, sobretudo diante do comportamento muito favorável da inflação e a consequente queda nas taxas de juros.
 
No entanto, os números refletem um ambiente econômico profundamente alterado por conta do cenário político das últimas semanas.
Infelizmente, as expectativas para a evolução futura da atividade econômica estão sendo revistas para baixo, dado o impasse político. Na contramão dessa piora, o Bacen reduziu a Selic em 1 p.p. na reunião de 31 de maio. Mas anunciou que os próximos cortes podem ser menores em razão do aumento da incerteza.
 
Assim, os dados do PIB do primeiro trimestre podem ter sido ser apenas uma “falsa primavera”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O que você precisa saber.
As últimas novidades sobre o mercado,
no seu e-mail todos os dias.

Pular para o conteúdo