Fórum mostra experiências do poder público no uso do BIM

Enzo Bertolini

Por Enzo Bertolini

Fórum mostra experiências do poder público no uso do BIM

Mudança de cultura. Esse é o principal desafio enfrentado no uso do processo BIM em órgãos públicos. A unanimidade pode ser atestada pelos participantes do 1º Fórum BIM, evento realizado pela Academia BIM do SindusCon-SP nesta terça-feira (24) na sede do sindicato em São Paulo.
O supervisor BIM do Metrô, Antônio Ivo Mainardi, explicou que recentemente o presidente da companhia, Paulo Menezes Figueiredo, foi convencido dos ganhos econômicos e de tempo proporcionados pelo processo para toda a empresa. “Com o BIM temos mais análise, mais documentação, mais colaboração e mais compatibilização. Ganhamos em qualidade e quantidade”, explicou Mainardi.
A futura estacão Ponte Grande, na Linha 2 – Verde, foi o primeiro projeto realizado em BIM pelo Metrô. O empreendimento será o primeiro em Guarulhos e deverá concentrar a chegada de milhares de pessoas que moram na região metropolitana e se deslocam para a capital paulista todos os dias de carros ou ônibus fretados.
Entre os ganhos proporcionados pelo BIM, o supervisor BIM do Metrô destaca a redução de problemas e interferências a partir da compatibilização na tecnologia. “Com o projeto inteiro em BIM você consegue observar melhor os detalhes e fazer mais comentários.” A empresa começou a produzir biblioteca de produtos e itens internos do Metrô. O próximo passo da empresa é utilizar a tecnologia laser scanning na reforma de uma estação de década de 70.
Trens
Uma das principais dificuldades enfrentadas pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) é a manutenção e modernização de sua complexa estrutura física com apenas duas horas disponíveis por dia. “Mesmo com alguns fins de semana alternados para obras, nossa produtividade é baixa”, conta o diretor de Planejamento e Projetos da CPTM, Silvestre Ribeiro.
Para auxiliar nessa área, a empresa tem implantado o uso do BIM desde 2012. Até o momento, 59 empregados foram capacitados em BIM e foi criado um Núcleo BIM dentro da CPTM para estabelecer um plano de execução na tecnologia.
Duas estações tiveram seus projetos realizados em BIM: Capuava (em Mauá) e Ribeirão Pires (na cidade de mesmo nome), ambas da Linha 10 – Turquesa. Nessas estações, a proposta é modernizá-las. “Podemos ensaiar a construção.”
Um caderno de contratações de projetos em BIM está em fase final de preparo pela empresa. Segundo Silvestre, falta apenas modelar a metodologia de implantação.
Âmbito federal
Referência na implantação de BIM, o diretor do Departamento de Caracterização e Incorporação do Patrimônio (Decip), do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Coronel Washington Luke, apresentou as experiências no uso e desenvolvimento da tecnologia em âmbito federal.
Todos os projetos de construção e retrofit sob os cuidados da secretaria serão elaborados ou contratados dentro da tecnologia BIM, com foco na manutenção predial. Apenas na reforma da Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), a economia vai chegar a 26%.
Utilizando o Sistema Opus, do Exército, a SPU também está atuando para unificar diferentes sistemas de informação de órgãos do governo, como Receita Federal do Brasil, Correios, Agência Nacional de Águas, Agência Nacional de Transportes Terrestres etc. “Estamos usando um protocolo comum para unificar o banco de dados de diferentes áreas e agências do governo. Poderemos ver todas as camadas ao mesmo tempo. A dificuldade é o formato das informações em cada sistema”, explicou.
Para Luke, como grande incentivador de obras, especialmente a SPU e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o governo federal pode acelerar o uso do BIM no Brasil. “Ainda falta lei para incentivar os estados a usar o BIM, ao mesmo tempo que devemos atuar para preparar o mercado para atender a demanda.”
Pioneirismo
Um dos estados pioneiros na utilização do BIM na contratação de projetos – ao lado do Paraná, Santa Catarina finalizou recentemente o edital de construção do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina, em São José.
“Não dava para continuar contratando obras do jeito que era feito antes”, falou o coordenador de Projetos Especiais da Secretaria de Planejamento de Santa Catarina, Rafael Fernandes Teixeira da Silva. “O custo de quebrar uma laje por um erro de projeto é mais caro do que resolver no projeto em BIM.” A partir de 2018 o estado passará a contratar todas as obras em BIM.
Apesar de conteúdo sobre BIM em português ainda ser limitado, Silva diz que ao invés de esperar o mercado amadurecer, o estado preferiu estimular o desenvolvimento dessa área. “Construímos o edital do zero, pois não havia experiências anteriores no Brasil. Podemos melhorar a qualidade dos serviços que a gente oferece induzindo o mercado a fazer o que a gente quer.”
Entre os aprendizados proporcionados pela experiência, o coordenador de Projetos Especiais reforça a importância de ter um gestor do projeto em BIM, de não se contratar um projeto apenas pelo preço e o estabelecimento de parâmetros para analisar a qualidade do serviço prestado por uma empresa. “Ainda estamos aprendendo, mas queremos deixar todo as lições que aprendemos como referência para um trabalho nacional de desenvolvimento do uso do BIM no poder público”, finalizou.

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