Opinião: Transição para um novo tempo

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Opinião: Transição para um novo tempo

A gestão do presidente Michel Temer inicia-se com a aposta correta no resgate da confiança na política econômica, mediante a adoção de medidas para o reequilíbrio das contas públicas, com a sustentação de uma base majoritária no Congresso.
Entre as novidades anunciadas, está a busca de eficiência. A expectativa é que ela traga produtividade à gestão pública. De nada adiantam projetos consistentes se sua operação depender de uma burocracia anacrônica.
A redução do número de ministérios é sinalização positiva. A austeridade será um dos fatores decisivos para a redução dos juros e da inflação, condição necessária para a retomada do crescimento.
A indústria da construção precisa ser uma das principais protagonistas desta retomada, devido ao seu imenso potencial gerador de empregos e renda. Para tanto, o setor deve ser estimulado, e não ainda mais prejudicado pelas próximas medidas econômicas.
Nesta direção, é animadora a intenção do governo de desburocratizar os processos de privatizações, concessões e parcerias público-privadas (PPPs). Somada à aspiração de restabelecimento da independência das agências reguladoras, a medida poderá ser decisiva para reverter o descontrole das finanças públicas.
Isto porque a via imediata e sustentável para a elevação substancial das receitas consiste em privatizações, concessões e PPPs – na União, nos estados e nos municípios. Mas para que se concretizem, será preciso instituir taxas de retorno atrativas definidas em livre concorrência pelo mercado, facilidades no acesso ao crédito mediante aceitação das receitas futuras como garantia, segurança jurídica dos contratos e estímulos à participação de médias e pequenas empresas.
Na habitação, é revigorante a manutenção do Programa Minha Casa, Minha Vida, aliada a uma nova orientação política no Ministério das Cidades. Espera-se a busca de aperfeiçoamentos, com o fortalecimento da participação decisiva da iniciativa privada na erradicação do déficit habitacional.
Esta providência, junto com o prosseguimento dos investimentos do orçamento na infraestrutura, evitará uma deterioração ainda maior do nível de emprego na indústria da construção, que já foi obrigada a fechar 700 mil vagas de 2014 para cá.
Já a indústria imobiliária ainda tende a seguir andando de lado nos próximos meses, devido aos juros altos e à escassez de crédito. Quando se restabelecer o controle sobre as contas públicas e a confiança dos investidores for resgatada, com queda da inflação e dos juros, e facilidades renovadas nos financiamentos habitacionais, este segmento reagirá rapidamente, voltando a empregar.
Ultrapassado o período de transição, o país precisa ingressar em um novo tempo das reformas política, previdenciária, tributária e trabalhista, indispensáveis à sustentação do desenvolvimento.

Artigo publicado originalmente na Folha de São Paulo dia 15/05/2016

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