Norma de Desempenho: impulso para a construção civil

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Norma de Desempenho: impulso para a construção civil

A 3ª edição do ConstruBR, realizada na última quinta-feira (6), reuniu especialistas do mercado e do mundo acadêmico para debater diferentes aspectos da Norma de Desempenho (ND) e os benefícios que ela pode trazer à construção civil.
O presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, abriu o evento fazendo um retrospecto do que o setor tem vivido nos últimos anos, passando por questões políticas e econômicas até chegar à necessidade de o setor atentar para a inovação. “A reativação econômica será lenta e as próximas obras serão bastante disputadas. Sairão à frente as empresas mais competitivas”, declarou Ferraz Neto.
A professora da Escola Politécnica da USP, Mércia Bottura, reforçou a necessidade da construção civil fazer parte da formação de profissionais que se sintam mais confortáveis com a inovação, e que esse processo pode ser feito em parceria. “Não é possível falar de inovação no curso de engenharia, não há tempo. “As empresas podem formar os jovens para praticarem a inovação. Estamos, sim, vivendo um momento econômico difícil, mas, por outro lado, um momento tecnológico desafiador,” explicou a professora, lembrando que a Poli/USP tem um programa de mestrado profissional e inovação na construção civil.
Sobre a necessidade de inovar, o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP (CTQ), Paulo Sanchez, lembrou que, em missão do sindicato aos Estados Unidos, em 2010, dois anos após a severa crise financeira de 2008, a postura de muitas empresas era a de investir, pensando na retomada da economia. “Vimos empresas investindo em tecnologia. Se não pensarmos nisso, vamos viver, novamente, o sufoco que vivemos após o boom imobiliário. Tenho certeza que muitas empresas sentem os reflexos do passivo desse episódio até hoje,” alertou Sanchez.
A Norma de Desempenho também fez a construção civil ficar atenta a questões não tão levadas em consideração no passado. Segurança, acessibilidade, uso de materiais específicos e até de cores, são itens que passaram a ter relevância maior no projeto. Esse aspecto foi o destaque da apresentação do coordenador de projetos da Aflalo/Gasperini arquitetos, Fabiano Sinibaldi. Ele lembrou que, no início, houve uma preocupação bastante grande quanto à aplicação da Norma. “A primeira ideia era sobre como poderíamos realizar um projeto com sucesso, atendendo a 12 requisitos da Norma”, contou.
Outra mudança foi a percepção da necessidade de maior diversidade de profissionais para compor o projeto. O desempenho térmico e de luminosidade não permitiam mais que a escolha das cores atendesse somente o gosto de um outro profissional envolvido no projeto. “Passou a ser muito mais importante fazer um estudo do entorno, para atender a exigências que não foram colocadas, relacionadas a conforto térmico, sombreamento, ” complementou Sinibaldi.
A desatualização de algumas normas e a lentidão que as alterações levam para sr feitas, foi lembrada pelo diretor da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (Abrasip) e do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Paulo Rewald. Ele falou da difícil tarefa de cumprir certas regras que não são mais condizentes com a realidade atual e que, contar com profissional muito bem capacitados é imprescindível. “Todo o setor tem que se empenhar no processo de normalização. É preciso tirar essa diferença existente entre o que fazemos e o que a tecnologia nos oferece”. O superintendente do Comitê Brasileiro de Construção Civil da ABNT (CB-002), Salvador Benevides, afirmou no evento que neste e no próximo ano serão implementadas 23 novas normas e que, em maio, será instalada uma comissão de estudos sobre alvenaria estrutural e vedações.
O ponto de vista das construtoras sobre a Norma de Desempenho, foi o tema da palestra do integrante do CTQ do SindusCon-SP, Sérgio Fernando Domingues, que ressaltou a adequação do empreendimento ao ambiente em que ele será construído, como essencial para o cumprimento da ND. “O projeto é fundamental para que uma obra possa estar em conformidade com a Norma. Os projetistas precisam ter acesso aos documentos dos materiais usados e isso deve ser cobrado dos fornecedores. A obra precisa ter documentado não só o que ela faz, mas também tudo o que compra. Ao adquirir os produtos, é necessário exigir do fornecedor os documentos que comprovam que a ND foi cumprida. Ao longo do projeto de execução é preciso ir fazendo check point para verificar se eu estou realizando tudo de acordo para não ter surpresas no futuro”, alertou Domingues.
Para ele, esse deve ser um processo bastante detalhado, com registro, em imagens, de todos os passos de cumprimento da Norma de Desempenho ao longo da obra e que esse deve ser um trabalho conjunto: fornecedor, construtor, projetista, incorporador e usuário.
Da mesma filosofia compartilha a presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), Miriam Addor. “O empreendimento já deve nascer com os conceitos da Norma incorporados. É preciso comprovar, ainda em projeto, o atendimento às normas pertinentes e utilizar de boas práticas, especificando, apoiando-se em informações dos fornecedores, ” reforçou Miriam.
A atenção ao ruído urbano foi um dos destaques da apresentação do vice-presidente de atividades técnicas da Proacústica, Davi Akkerman. Para ele, a realização de simulações de ruído, em softwares específicos para isso, e a elaboração e adoção de Mapas de Ruído pelos municípios seriam uma grande colaboração para os projetistas. “O ruído urbano tende a aumentar. Caso os governos não façam nada a respeito, a Norma de Desempenho não vai ser suficiente,’ alertou Akkerman.
A Proacústica lançou o Manual Proacústica para Classe de Ruído nas Edificações Habitacionais, que indica boas práticas para analisar e reduzir o ruído.
O ConstruBR 2017 também tratou da Terceirização:
“Terceirização trará ganhos competitivos para empresas e fortalecimento dos trabalhadores”
 
 
 
 
 

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