"Recursos de propinas acabariam com o déficit habitacional"

Rafael Marko

Por Rafael Marko

"Recursos de propinas acabariam com o déficit habitacional"

O presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, afirmou em 3 de maio que, “somando-se todas propinas oferecidas por todas as empresas a todos os partidos políticos nos últimos 30 anos, possivelmente teríamos recursos mais do que suficientes para acabar com o déficit habitacional de 6 milhões de moradias no país. E ainda sobrariam recursos para edificar creches, escolas, hospitais e ampliar a infraestrutura.”
As afirmações foram feitas na abertura do seminário “Ética e compliance para uma gestão eficaz”, realizado pelo sindicato e promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Sesi Nacional.
34295938651_25c9554b3c_zO presidente do SindusCon-SP também destacou que “no Brasil, onde ainda há tanto por fazer em educação, saúde, habitação e infraestrutura, bilhões de reais foram parar em propinodutos. Somente uma das empresas investigadas na Operação Lava Jato admitiu ter investido R$ 10,6 bilhões para financiar políticos entre 2006 e 2014. Esta verba seria suficiente para viabilizar a contratação de cerca de 70 mil moradias do Minha Casa, Minha Vida na cidade de São Paulo.”
Romeu Ferraz acrescentou que “enquanto a Justiça se encarrega de investigar, julgar, punir e soltar os envolvidos na Lava-Jato, precisamos avançar nas reformas econômicas. O aumento do número de desempregados para mais de 14 milhões torna ainda mais urgente a aprovação das reformas trabalhista e Previdenciária. E requer mais medidas da União, dos Estados e das Prefeituras para reativar a economia.”
Para o presidente do SindusCon-SP, será indispensável realizar a reforma política. “Ela será fundamental para fechar os propinodutos, abertos antes das campanhas eleitorais, e assim mantidos no decorrer dos mandatos dos parlamentares.”
“Vamos aprofundar o tema deste seminário, para combater a corrupção endêmica e tornar o compliance uma prática cotidiana em nossas empresas. Certamente esta é uma das ferramentas mais importantes para uma atuação ética nos negócios. E também é uma ferramenta relevante para o incremento da produtividade.”
Convite a desvios
Já o presidente da CBIC, José Carlos Martins, salientou que a indústria da construção “não pode perder a chance de explodir” as práticas corruptas e trazê-las “não só para a conformidade, como para a formalidade e a qualidade das obras”.
“O problema básico reside no modelo concentrador adotado nas últimas décadas, que criou esse ambiente [de corrupção]. Somente a Petrobrás destinou R$ 84 bilhões para licitações na modalidade de carta-convite, um verdadeiro convite a desvios”, enfatizou.
O presidente da CBIC argumentou que sem despender energia e recursos com práticas escusas, as empresas melhorarão sua produtividade, fator fundamental para melhorarem a competitividade do setor.
Ele ainda chamou a atenção para as publicações que a CBIC vem fazendo, especialmente a que lista 12 práticas adotadas pela administração pública que abrem brechas à corrupção. “Precisamos combatê-las”, destacou.
Martins também afirmou que, com as medidas em favor do compliance, a CBIC está dando continuidade a uma história iniciada em 1993, com o papel da entidade em favor da Lei 8.666 (Lei de Licitações e Contratos), que buscou cercear práticas de corrupção nas concorrências públicas. Lembrou, ainda, a adoção do Código de Ética do setor, também nos anos 90.

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