Redução do endividamento das famílias aumenta expectativa de retomada no consumo em 2017

Enzo Bertolini

Por Enzo Bertolini

Redução do endividamento das famílias aumenta expectativa de retomada no consumo em 2017

A combinação de redução de endividamento das famílias brasileiras, aliado a constante retomada da confiança na economia, deve impactar na reativação do setor imobiliário. Matéria da edição desta terça-feira (27) do Valor Econômico apresenta dados do Banco Central que indicam que o comprometimento mensal dos salários com dívidas ainda é alto e, mais recentemente, mostrou leve expansão. Mas o endividamento em relação à renda acumulada nos 12 meses até junho (último dado divulgado pelo Banco Central) caiu 2,2 pontos na comparação com mesmo período em 2015 e ficou em 43,7%, o menor índice da série desde dezembro de 2012. Esse percentual ficou acima de 46% durante boa parte do ano passado, de janeiro até setembro.
Excluindo o financiamento imobiliário, a redução do endividamento é mais expressiva. Nessa métrica, o indicador – que chegou a superar 31% entre o fim de 2011 e o começo de 2012 – caiu de 27,2%, em junho de 2015, para 24,9% no mesmo mês deste ano. De acordo com pesquisa da Fecomercio-RJ feita em parceria com a Ipsos em todo o país, 68% dos consumidores afirmaram não estar pagando nenhum tipo de parcelamento em julho deste ano, maior número para o mês desde o início do levantamento, em 2010.
Confiança
Em setembro, o Índice de Confiança da Construção (ICST) subiu 2,1 pontos em setembro, atingindo 74,6 pontos, o maior nível desde junho de 2015 (75,9). Após a terceira alta consecutiva, torna-se mais evidente a gradual melhora das perspectivas de curto prazo para os empresários do setor, ressalvando-se que o nível do indicador continua muito baixo em termos históricos.
A alta do ICST em setembro deveu-se, majoritariamente, à melhora das perspectivas no curto prazo: o Índice de Expectativas (IE-CST) avançou 3,4 pontos, atingindo 84,8 pontos – maior nível desde dezembro de 2014. Dentre os quesitos integrantes do índice-síntese, a situação dos negócios para os próximos seis meses foi o que mais contribuiu para a alta do índice, com uma variação de 5,1 pontos em relação ao mês anterior.
Assim como ocorre nas demais sondagens empresariais, são as expectativas que mais têm impulsionado a confiança do setor da Construção. O Índice de Expectativas evoluiu entre setembro de 2015 e o mesmo período de 2016.
“Definitivamente, o cenário começa a se mostrar mais favorável para a construção civil. O anúncio do Programa de Parcerias de Investimento (PPI) e a sinalização de retomada de obras paradas do MCMV impulsionaram ainda mais as expectativas empresariais em setembro. Vale destacar também que a percepção em relação à situação corrente dos negócios vem melhorando continuamente, sugerindo uma lenta retomada, que precisará ganhar mais fôlego para se consolidar”, observa a coordenadora de Projetos da Construção da FGV/IBRE, Ana Maria Castelo.
Mercado imobiliário
Esses sinais indicam que o setor imobiliário pode reagir em 2017? Para o vice-presidente de Imobiliário do SindusCon-SP, Odair Senra, o mercado imobiliário de unidades residenciais vai depender da oferta de unidades, crédito imobiliário e confiança na perenidade da renda para os clientes terem coragem de assumir compromissos de longo prazo (financiamento imobiliário).
“Não sentimos que exista falta de crédito imobiliário, mas a crise deixou mais seletivas as concessões de financiamento por conta do risco de inadimplência/desemprego. Com a retomada da confiança, acreditamos que os juros voltem a patamares normais, reativando o mercado imobiliário.”
Para a Ana Maria, a melhora da confiança é uma condição necessária, mas não suficiente para a retomada do consumo. “Atualmente todos apontam crescimento do consumo no ano que vem, mas deverá ser tímido ainda, pois o mercado de trabalho será o último a melhorar.”
Em julho a construção civil brasileira registrou queda de -1,13% no nível de emprego na comparação com junho – a 22ª queda consecutiva (desde outubro de 2014). Com o fechamento de 31,1 mil postos de trabalho, o saldo de trabalhadores ficou em 2,73 milhões. Nos primeiros sete meses do ano houve corte de 170,3 mil vagas. Em 12 meses o saldo negativo chega a 468,8 mil empregos a menos.
Apesar do cenário de incertezas, 2017 pode significar um sopro de mudança.

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