Integração entre BIM e IPD aprofunda parceria entre empresas e compartilha responsabilidades

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Integração entre BIM e IPD aprofunda parceria entre empresas e compartilha responsabilidades

O setor da construção civil atualmente apresenta uma forte demanda por inovações nas tecnologias de informação e comunicação na construção. Nesse contexto, o BIM (modelagem da informação da construção) vem se destacando como um dos principais temas em desenvolvimento no Brasil e no mundo.
O foco das pesquisas e iniciativas relacionadas à implementação da modelagem da informação da construção apresenta uma lacuna quanto ao desenvolvimento de seus processos, além de empecilhos relacionados aos aspectos de colaboração entre os agentes.
Diante deste quadro, o American Institute of Architects propôs um modelo contratual para projetos integrados, denominado Integrated Project Delivery, que fomenta a relação colaborativa dos agentes do empreendimento por meio do compartilhamento dos resultados entre os participantes. “Com o IPD não existe o problema causado por um. Todos têm que estar envolvidos em busca de soluções. O envolvimento é global,” afirmou o pesquisador do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), professor Eduardo Toledo Santos, durante o Seminário Internacional BIM, organizado pelo SindusCon-SP.
bim-430Toledo ressaltou que, com o IPD, também conhecido como contrato de aliança, prevalecem a cooperação, o respeito e confiança mútuos. “Assim como os benefícios, os ônus e riscos também são compartilhados. Com o IPD, o contrato evita processos judiciais. Os problemas são resolvidos por todos os envolvidos,” complementou.
O vice-presidente do SindusCon-SP, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, chamou a atenção para três aspectos que sustentam a utilização do BIM: software, revisão – e consequente mudança nos processos internos – e a parceria com empresas que terão a mesma conduta. “Os contratos de aliança (IPD) estabelecem como será o relacionamento entre as empresas, quem são os responsáveis, quais são as responsabilidades e como esse grupo vai atuar desde o projeto até o pós-obra,” explicou Vasconcellos.
O funcionamento dessa mudança na forma de trabalhar, presente no IPD, foi exemplificada pela apresentação do gerente regional de projetos da Sutter Health, James Pease, que também enfatizou a colaboração como filosofia dessa nova proposta.
Pease traçou um paralelo entre as fases anterior e posterior à utilização dos contratos de aliança e quanto tempo levou para que a Sutter Health – empresa americana da área de saúde – conseguisse alinhar o novo procedimento com os outros parceiros.
bim-431“Os projetos custavam sempre mais do que havia sido planejado. Em 2004 a cultura começou a mudar e só em 2007 tivemos um projeto totalmente integrado. A gente tenta basear nossas metas no plano de negócios. Depois de 10 anos temos a segurança de que se um projeto vai chegar a tal valor e vai levar determinado tempo, podemos confiar muito nisso. Os problemas não somem, mas conseguimos resolvê-los antes do início da obra,” explicou.
Segundo Pease, o aprendizado incluiu a integração dos projetos e também a identificação de parceiros que atuassem da mesma forma. “Já fizemos projetos com empresas excelentes, mas que não tinham pessoas com espírito colaborativo, e o resultado não foi bom. O contrário, no entanto, já deu certo. Nós analisamos as equipes, pedimos projetos relevantes dos quais elas tenham participado para tentarmos alcançar um trabalho colaborativo.”
O executivo da Sutter Health admitiu que a implantação do processo pode não ser muito fácil, mas que cada profissional, independente da postura da empresa em que trabalha, pode ajudar a difundir essa cultura. “Comece a desenvolver projetos com IPD, apresente os resultados, gere dados para o setor. Cada profissional pode fazer isso isoladamente, colaborando para aumentarmos o uso desse modelo de trabalho,” concluiu.
A Sutter Health já completou projetos de US$ 1,5 bilhão utilizando a metodologia IPD. “100% dos projetos que finalizamos com o IPD saíram apenas 1% do orçamento estabelecido e foram entregues dentro do prazo.” A empresa tem mais US$ 2,5 bilhões em projetos que estão em andamento.
Questões legais
bim-484As dúvidas e os procedimentos para a formalização do IPD foram explicadas pelo sócio da Pinheiro Neto Advogados, Júlio César Bueno, que também enfatizou a cooperação e divisão das responsabilidades como pontos fortes dos contratos de aliança, reduzindo o protagonismo de quem projeta. “Não há nenhum impedimento leal para aplicarmos o contrato de aliança no Brasil. As dificuldades são mais culturais.”
Bueno acredita que hoje o “o setor da construção civil já tem maior maturidade para criar um ambiente de contrato colaborativo, desde que haja a preocupação em se antecipar aos problemas”.
O 7º Seminário Internacional BIM SindusCon-SP, no último dia 26, contou com palestrantes do Brasil e do exterior, que falaram dos benefícios do uso e dos caminhos percorridos para a implantação do processo, principalmente na gestão pública.
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