Especialistas de Chile e Reino Unido apresentam cases de sucesso no uso do BIM pelo governo federal
Por Redação SindusCon-SP
Os benefícios do uso do BIM e as barreiras encontradas para sua utilização na gestão pública no Brasil e no exterior foram discutidos sob vários aspectos em dois painéis do 7º Seminário Internacional BIM SindusCon-SP, realizado no último dia 26.
Na abertura do evento, o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, Paulo Sanchez, falou sobre um dos grandes ganhos que o BIM traz à gestão pública: a transparência. “Além de dar agilidade e proporcionar economia, as obras feitas em BIM evitam as práticas de superfaturamento,” lembrou.
O coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, Yorki Estefan, destacou o papel que os governos têm na difusão e uso do processo. “Em todos os países em que o BIM entrou de forma consistente, o governo se coloca como o grande contratante das empresas que o utilizam.”
A experiência do Chile, que definiu metas para o uso da ferramenta, por meio do Plano BIM, foram relatadas pelo coordenador de instituições públicas para o programa, Harry Lagunas. Para que o processo seja utilizado de maneira homogênea, foram estabelecidos dois prazos: a partir de 2020 todas as obras contratadas pelo poder público deverão ser em BIM e, a partir de 2025, em todo projeto da iniciativa privada será exigida a utilização da ferramenta.
Lagunas admitiu que as dificuldades existirão para que o governo consiga concluir esse plano, mas será importante superá-las para que diferentes pastas da gestão pública se beneficiem das vantagens proporcionadas pela modelagem.
“A produtividade da indústria da construção não avançou muito nos últimos anos e isso nos preocupa muito. Se não fizermos nada agora teremos uma indústria fragmentada, com perda de informação em cada uma das etapas e isso significa perda de tempo e de dinheiro, além de não existir, hoje, trabalho colaborativo,” advertiu Lagunas. Ele ainda citou outras importantes ações para a difusão do BIM, como campanhas de divulgação e convênios com governos, cujas experiências possam servir de lição e entidades.
Do Reino Unido, o professor da Universidade Northumbria Newcastle, Mohamad Kassem falou das dificuldades enfrentadas e das vantagens obtidas pelos países que decidem implantar o BIM. Segundo ele, uma das primeiras barreiras é a falta de modelos a serem seguidos, para ajudar os desenvolvedores dessa política de uso do processo.
Kassem falou que não há homogeneidade no uso do BIM pois, são poucos os países que atingiram maturidade do uso da ferramenta. “Mesmo no Reino Unido, que é líder na utilização do processo, há fragmentação no uso,” alerta. Segundo ele, no Brasil há um bom uso em algumas áreas, mas um déficit bastante grande em outras.
O professor citou uma pesquisa sobre utilização do BIM, respondida por 99 especialistas de 21 países. O resultado obtido foi de uso mediano. “Há lacunas a serem preenchidas para que o nível de maturidade do uso do BIM seja atingido. O Reino Unido tem níveis muito bons, mas a maioria dos países ainda tem baixa maturidade no uso do processo.”
Algumas medidas governamentais são imprescindíveis para a difusão do BIM, na visão de Kassem:
Comunicação: informar e difundir os benefícios. A elaboração de guias para a indústria, suporte e a oferta de treinamento;
Engajamento: começar com incentivos financeiros até chegar à exigência do uso e
Monitoramento: acompanhar o uso, buscando a homogeneidade no uso.
O professor da Universidade Northumbria Newcastle acredita que, para se obter altos níveis de maturidade no uso do BIM o caminho é programar a difusão do processo em cada item da obra. “Estamos auxiliando Espanha e França e conversando com o Chile para que apliquem essa metodologia. A abordagem britânica no uso do BIM é focada no futuro, nos dados que teremos mais tarde. Passamos a produzir mais informação, geramos mais conhecimento,” concluiu.
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