Construção começa a sair da recessão

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Construção começa a sair da recessão

A economia já deixou para trás a pior fase da recessão, na indústria da construção o ritmo de queda da atividade diminuiu, mas ainda haverá um extenso caminho a percorrer até que o desempenho do setor satisfaça a todos os seus segmentos.
Esta foi o resumo do momento atual das construtoras, feito nesta terça-feira (17/10) pelo vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, na Reunião de Conjuntura do SindusCon-SP. “O pior da tempestade já passou, nosso barco ficou avariado, mais ainda temos pela frente um longo percurso. Teremos muito trabalho para chegar até 2019, com muitas empresas disputando os mesmos e escassos nichos de mercado”, comentou.
“A janela de oportunidades aberta neste ano previa reformas que não aconteceram. A reforma trabalhista entrará em vigor em 11 de novembro com resistências da Justiça do Trabalho. Desde maio, Executivo e Legislativo discutem quase exclusivamente assuntos miúdos relativos à própria sobrevivência política. O ano de 2017 começou promissor e deverá se encerrar frustrado. E ainda não apareceu ninguém com um programa capaz de empolgar [eleitoralmente].”
Ligeira recuperação
Em sua apresentação, a coordenadora de projetos da construção da FGV/Ibre, Ana Maria Castelo, mostrou o início de uma recuperação em uma série de indicadores. Em 2017, o INACC (Índice Nacional de Atividade da Construção Civil) acumulava queda de 9,3% até agosto, mas em relação a agosto de 2016, a queda reduzia-se a 4,78%. Na mesma comparação, o emprego na construção brasileira acumulava redução de 12,25% até agosto, mas de 9,5% em 12 meses.
O nível de utilização da capacidade do setor, que havia chegado a 61% em junho, começou a se recuperar e estava em 65,6% em setembro. A mesma ligeira recuperação aparece nos Índices de Confiança, de Situação Atual e de Expectativas da Construção, nas sondagens feitas pela FGV.
A surpresa, segundo Ana Maria, ficou por conta das vendas imobiliárias na cidade de São Paulo: as 10.991 unidades vendidas neste ano até agosto representam um aumento acumulado de 20,8% no ano, enquanto as unidades vendidas naquele mês ficaram 73% acima na comparação com agosto do ano passado. Nesses números, entretanto, há que se levar em conta as revendas de unidades distratadas. Já as vendas nacionais das grandes incorporadoras de janeiro a julho evoluíram apenas 0,7% na comparação com o mesmo período de 2016, sendo puxadas pelas unidades habitacionais vendidas no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
Na avaliação do economista Robson Gonçalves, da FGV, a recuperação econômica alavancada no consumo ainda não atinge a indústria da construção. A diminuição dos recursos do MCMV e do PAC, as perspectivas políticas ainda nebulosas e a ausência de mecanismos de proteção cambial aos investimentos com capital estrangeiro em projetos de infraestrutura “ainda podem levar a um desempenho da construção em zigue-zague no fundo do poço por mais um ano, ano e meio, mesmo que a economia cresça 3% em 2018”, afirmou.
Tanto ele como Ana Maria alertaram para o risco de recursos do FGTS serem desviados para o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), por pressão dos fundos que ingressaram no mercado de ensino superior nos últimos anos. Nas próximas semanas, a Câmara dos Deputados analisará Projeto de Lei de Conversão à Medida Provisória que traz dispositivo neste sentido.

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