Construcarta Conjuntura: A retomada sob ameaça?

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Construcarta Conjuntura: A retomada sob ameaça?

Depois de consolidado o fim da recessão com o crescimento de 1% do PIB no ano passado, as expectativas com respeito à atividade econômica em 2018 também se firmaram em um campo relativamente otimista. O FMI foi um dos últimos a revisar para cima suas projeções de crescimento para 2018, as quais passaram de 1,9% para 2,3%. O mesmo aconteceu com as estimativas para 2019, que passaram de 2,1% para 2,5%.
Mas, nas semanas recentes, esse relativo otimismo tem esbarrado em números que sugerem que a retomada pode estar sob ameaça, pelo menos o ritmo previsto anteriormente.
Segundo o IBGE, o volume de vendas no varejo teve queda de 0,2% em fevereiro na comparação dessazonalizada com janeiro. Com esse resultado, a média móvel trimestral do período dezembro-2017 a fevereiro-2018 ficou zerada na comparação com o trimestre anterior, sempre descontadas as influências sazonais. Apesar desses resultados, o volume de vendas em fevereiro deste ano foi 1,3% superior ao do mesmo mês de 2017.
No caso específico dos materiais de construção, o comportamento do volume de vendas no varejo tem se mostrado bastante instável. Na comparação dessazonalizada com os meses anteriores, esse indicador registrou queda de 3,4% em janeiro e alta de 0,3% em fevereiro. Na comparação com igual mês de 2017 essas variações foram de 7,4% e 6%, bem acima da média do varejo como um todo.
Em linha com o mau desempenho do comércio varejista, o IBC-Br, indicador mensal de atividade do Banco Central, teve variação próxima de zero em fevereiro. Na comparação dessazonalizada com janeiro, a alta foi de apenas 0,09%. Já frente a fevereiro de 2017, a alta foi de 0,66%. No acumulado em doze meses encerrados em fevereiro, o indicador registra avanço de 1,32%.
Em um contexto de progressiva elevação no nível de emprego (mais 60 mil postos de trabalho em fevereiro segundo o Ministério do Trabalho) e queda histórica da taxa de juros básica, surge uma incógnita relativa às causas desse ritmo mais lento de recuperação.
Em primeiro lugar, é importante destacar que não se trata de nenhum tipo de reversão da retomado. O mais correto seria o termo “acomodação no ritmo de crescimento com menos otimismo”. De fato, tomando-se o Boletim Focus do Banco Central, as expectativas do mercado para o crescimento do PIB em 2018 têm sido revistas há três semanas e se situam agora abaixo de 2,8%. Ainda assim, o Índice de Confiança do Consumidor da FGV segue em alta. Apesar de ainda estar no campo negativo (mais assinalações pessimistas do que otimistas), o indicador situou-se em março 7,7% acima do registrado no mesmo mês de 2017.
Em síntese, alguns dos indicadores conjunturais mais relevantes sugerem que a atividade econômica está crescendo em ritmo mais lento, mas segue em alta. O grande teste será, sem dúvida, o impacto do clima eleitoral que tem se caracterizado, até o momento, como fortemente incerto. Esse sentimento está em linha com a elevação do Indicador de Incerteza Econômica, também da FGV, que apresentou alta de 5,1% entre fevereiro e março.
Com tudo isso, pode-se concluir que a retomada não está sob ameaça, mas os níveis de otimismo sobre a atividade econômica em 2018 estão sendo ajustados para baixo.
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