Construcarta Conjuntura: Choque de custos

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Construcarta Conjuntura: Choque de custos

O termo choque de custos é bem conhecido no meio dos economistas. Ele se refere a uma situação bastante indesejada na qual um ou mais preços-chave sofre alta rápida e inesperada (daí o termo “choque”) e se propaga por um número relevante de setores na forma de aumento de custos. A reação padrão é o chamado “repasse”, isto é, a elevação de preços, mais ou menos proporcional à elevação de custos, na tentativa de defender as margens de lucro.
Ocorre que essa alta de preços tende a provocar a redução da demanda e, portanto, do nível de atividade. Quando esse choque se estende por um número significativo de setores, deixa de ser um fenômeno localizado e passa ao nível macroeconômico, gerando mais inflação e menor crescimento real do PIB.
Dentre os principais responsáveis por choques como esses estão os preços das commodities, historicamente sujeitos a grandes oscilações no mercado internacional, e a taxa de câmbio, um dos mais relevantes preços-chave de qualquer economia.
No caso brasileiro atual, o choque teve origem cambial, mas foi agravado pelos efeitos inflacionários da greve dos caminhoneiros e seus desdobramentos, incluindo algumas das reonerações tributárias.
Nos doze meses encerrados em junho, a taxa de câmbio nominal teve alta acumulada de 16,5%. Como consequência, o Índice de Preço ao Produto Amplo da FGV (IPA-DI) elevou-se 9,8% no mesmo período (até janeiro, essa variação era -2,5%). O repasse desse choque no atacado para os preços ao consumidor, chamado pass through da variação cambial, depende de diversos fatores. Dentre eles, o próprio ritmo de crescimento da demanda. Assim, em momentos de procura fraca, a contaminação dos índices de inflação ao consumidor pela alta nos preços ao produtor tende a ser menor. Esse é precisamente o caso da economia brasileira hoje.
Por tudo isso, estamos assistindo nas últimas semanas à contínua revisão das expectativas inflacionárias e de crescimento do PIB. Assim, nas últimas semanas, as expectativas de mercado para o PIB em 2018, coletadas pelo Boletim Focus do Banco Central, deixaram o nível de 2% de crescimento e estão convergindo para 1,5%. Em sentido contrário, as expectativas para o IPCA acumulado neste ano estão progressivamente se aproximando de 4,5%. Este é exatamente o centro da meta oficial de inflação, o que não denota descontrole no campo da política monetária. No entanto, vale o comparativo com janeiro, momento em que as expectativas de mercado para o crescimento do PIB estavam sendo ajustadas para cima e o IPCA para baixo.
Em resumo, o fraco desempenho da atividade econômica já não pode ser mais creditado à mera incerteza, originada no campo político. A isso se soma um ajuste cambial expressivo e suas tradicionais consequências sobre os mecanismos de formação de preços na economia.
Para acessar o conteúdo completo, clique aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O que você precisa saber.
As últimas novidades sobre o mercado,
no seu e-mail todos os dias.

Pular para o conteúdo