Construcarta Conjuntura: Legados e desafios macroeconômicos

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Construcarta Conjuntura: Legados e desafios macroeconômicos

Com a aproximação do final do atual mandato presidencial, já é possível fazer um balanço do legado macroeconômico que será herdado pelo próximo governo. Mantendo o padrão tradicional de análise, é possível refletir sobre esse legado a partir das três esferas da política macroeconômica: o setor externo, a política monetária e anti-inflacionária e a política fiscal.
Dessas três frentes, a que inspira menor preocupação é, de longe, o setor externo. O país deverá fechar o ano com uma posição confortável em termos de reservas internacionais: US$ 380 bilhões, o equivalente a 2,4 vezes o valor anual das importações. O déficit em transações correntes, muito embora tenha crescido ao longo do ano, não deverá passar de 1% do PIB e tem sido financiado com folga pelos ingressos de capital estrangeiro produtivo, cujo fluxo em doze meses tem sido da ordem de 3% do PIB. A alta recente do dólar, em boa medida resultado do ciclo de alta de juros nos EUA que se iniciou, tende a reforçar o resultado da balança comercial, que deverá fechar o ano com superávit de cerca de US$ 60 bilhões.
No front monetário, a inflação deverá permanecer nas proximidades do centro da meta do Banco Central. Muito embora a greve dos caminhoneiros tenha tido impacto significativo sobre o IPCA, as expectativas do mercado tanto para 2018 quanto para 2019 são de inflação próxima aos 4,5%. Com isso, o atual nível de taxas de juros real será um dos mais baixos da história brasileira. Caso o Bacen mantenha o atual patamar nominal da Selic, os juros reais serão da ordem de 2% no início do próximo ano.
Ainda assim, é preciso reconhecer que esse bom comportamento da inflação se deve muito mais à debilidade da demanda do que a um cenário de crescimento sustentado, calcado na elevação da produtividade. Essa debilidade, por sua vez, esteve refletida no contínuo ajuste das expectativas de crescimento do PIB, que deverá fechar o ano com alta entre 1% e 1,4%.
Por fim, o baixo crescimento será, no início do próximo ano, o maior desafio na busca de equilíbrio nas contas públicas. O déficit público total deverá ser em 2018 da mesma ordem de grandeza do registrado no ano anterior: 7,4% do PIB. O mesmo deverá ocorrer com a dívida líquida do setor público: 51,5% do PIB. Ambos os indicadores são historicamente elevados. Mas, dada a rigidez das despesas públicas, os baixos níveis de crescimento da atividade econômica e, portanto, da arrecadação não têm gerado as condições necessárias para melhorar o desempenho fiscal. Admitindo que os juros reais estão nos níveis mais baixos compatíveis com o equilíbrio macroeconômico, a eventual elevação dessas taxas em 2019 exigirá níveis também mais elevados de superávit primário. E este esforço, por sua vez, requer a clássica combinação de cortes nos gastos (que já se aproximam do limite de compressão) e aumento de receitas tributárias.
Vistos em conjunto, esses indicadores deixam explícita a necessidade da retomada do crescimento. Sem isso, o cenário mais provável será de uma lenta agonia, a exemplo do que já vem ocorrendo desde meados de 2017, com baixo crescimento, a inflação contida pela quase estagnação da demanda e progressiva piora das contas públicas.
*Acesse o arquivo original aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O que você precisa saber.
As últimas novidades sobre o mercado,
no seu e-mail todos os dias.

Pular para o conteúdo