Construcarta Preços: De volta ao regime de metas

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Construcarta Preços: De volta ao regime de metas

Depois de um longo período de incertezas sobre o padrão da política monetária, tudo indica que o Brasil está de volta ao pleno vigor do regime de metas para a inflação. A importância desse fato merece um breve histórico.
O regime de metas foi implementado no Brasil em 1999, durante a gestão de Armínio Fraga como presidente do Banco Central. As regras do regime condicionam a trajetória da taxa de juros básica (Selic) ao comportamento da inflação frente a metas definidas de forma antecipada.
O regime teve bom funcionamento desde sua criação, inclusive durante a gestão Lula (2002-2010). Nesse período, a meta inflacionária foi mantida em 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para mais e para menos. A grande virada se deu no início do segundo semestre de 2011, quando a taxa Selic sofreu redução repentina, muito embora o IPCA acumulado em doze meses estivesse ultrapassando o limite de 6,5% em doze meses.
Desde o início da gestão Temer em maio, a nova diretoria do Bacen vinha mantendo a Selic em 14,25% ao ano, patamar extremamente elevado quando comparado à média mundial, sobretudo nos países desenvolvidos. Em sua última reunião, ocorrida em outubro, o Comitê de Política Monetária deu início ao ciclo de queda da taxa básica de juros depois de cerca de quatro anos. A justificativa técnica, coerente com a lógica do regime, é a convergência do IPCA para o centro da meta de 4,5% que aponta no horizonte.
De fato, a inflação em outubro registrou alta de 0,26%, depois de ter subido apenas 0,08% em setembro. O resultado de outubro foi o menor para o mês desde 2000. Com isso, a alta acumulada em doze meses passou de 10,7% em janeiro para 7,9% em outubro.
Não se deve perder de vista que o teto da meta inflacionária para o ano que vem é mais baixo: 6%. Ainda assim, a persistência do clima recessivo e, por consequência, dos baixos níveis de demanda parecem ter influenciado a decisão do Bacen, apontando para a continuidade da queda da inflação.
Nesse mesmo sentido, as projeções para o comportamento do IPCA contidas no Boletim Focus sugerem que esse processo de “desinflação” vai continuar. A mediana das projeções sugere que o índice irá fechar o ano abaixo de 7%, chegando a menos de 5% ao final de 2017. Caso se confirmem, essas expectativas marcariam uma aproximação da inflação com relação ao centro da meta que não era vista desde 2010, caracterizando a volta efetiva ao regime inaugurado em 1999.
Mais do que simplesmente um êxito no controle inflacionário, esse cenário marcaria o retorno a um padrão previsível de política monetária, menos sujeito a ingerências políticas e pautado pelas regras simples que envolvem nada mais do que a própria inflação, a meta e a taxa de juros definida pelo Bacen. Em outros termos, o país ganharia de volta um marco em termos de estabilidade e previsibilidade para seu ambiente de negócios.
Veja o relatório completo aqui.

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