Construcarta Preços: Inflação oficial fecha 2016 abaixo do teto da meta

Contrariando as expectativas mais pessimistas formuladas no início do ano, a inflação medida pelo IPCA, índice oficial do regime de metas, fechou o ano de 2016 em 6,29%. Exatamente há um ano, o índice havia atingido o topo da série histórica recente, com alta de 10,7% na mesma base de comparação. Em dezembro, a variação do índice foi de 0,3% contra 0,18% no mês anterior e 0,96% em dezembro de 2015. O grande diferencial entre os resultados de dezembro de 2016 e de 2015 foi responsável pela nova queda no acumulado em doze meses.
A alta acumulada em doze meses em dezembro passado foi a mais baixa desde abril de 2014. Mais ainda, desde agosto último, o IPCA passou a convergir rapidamente para a meta oficial (4,5%).
Vale lembrar que o teto da meta para 2017 não será mais de 6,5% como no ano passado, mas 6%. Isso reforça a importância da queda mais rápida observada nos meses recentes e abre espaço para a continuidade do ciclo de baixa da taxa de juros básica (Selic).
A face ruim desse processo de “desinflação” decorre do clima fortemente recessivo que persiste na economia. O atraso na recuperação do nível de atividade, somado à relativa estabilidade da taxa de câmbio, são os elementos por trás da queda da inflação.
O desafio para os gestores da política econômica no ano que se inicia será dosar o “afrouxamento” na política monetária, benéfico para a recuperação da demanda, com a continuidade do movimento de queda da inflação.
O IGP-DI, por sua vez, teve forte aceleração entre novembro e dezembro. A variação do índice passou 0,05% para 0,83% no período. Em termos anuais, porém, a inflação medida pelo indicador desacelerou. Em 2015, o IGP-DI havia acumulado alta de 10,7%. Já em 2016, essa variação caiu para 7,2%.
O IPA – Índice de Preços ao Produtor Amplo, responsável por 60% da composição do índice geral teve alta ligeiramente superior à do IGP como um todo: 7,73%.
Em linha com esse comportamento dos preços ao produtor, o IPC – Índice de Preços ao Consumidor fechou o ano com alta acumulada de 6,18% contra 10,53% observados em 2015.
O INCC-DI teve alta de 0,35% no último mês, fechando o ano com variação acumulada de 6,13%, o que também representa uma desaceleração em relação à taxa de 7,48% alcançada em 2015. Entre os três componentes do índice setorial apenas a mão de obra registrou elevação superior à observada no ano anterior: alta de 9,36% ante 8,11% em 2015.
A despeito da forte contração do mercado de trabalho no passado, o aumento do salário mínimo, reajustado no início do ano, influenciou os acordos, especialmente os pisos da categoria nas diversas regiões do país.
Por sua vez, os subgrupos Materiais e Equipamentos e Serviços registraram aumento de 2,17% e 3,62%, respectivamente. Em 2015, os aumentos alcançaram 6,75% e 6,89%, nessa ordem.
Vale notar que a deflação observada nos preços dos vergalhões (-2,21%) e do cimento (-9,18%) contribuiu fortemente para a baixa variação da cesta dos materiais em 2016. No subgrupo Serviços também houve deflação no item aluguel de máquinas e equipamentos.
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