Estudo da Abrainc/FGV projeta demanda habitacional até 2027

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Estudo da Abrainc/FGV projeta demanda habitacional até 2027

O Brasil deverá ter mais 9,049 milhões de famílias que demandarão um incremento habitacional do mesmo número de domicílios, no período 2018-2027. O desafio será atender esta nova demanda e simultaneamente reduzir o déficit habitacional, estimado em 7,77 milhões de moradias em 2017. Se for mantido o atual perfil de distribuição de renda, este desafio poderá ser superado com a edificação de 11,982 milhões de moradias. Com isso, será possível eliminar integralmente os domicílios precários (rústicos e improvisados), extinguir o adensamento excessivo (que inclui habitação em cômodos) e reduzir em 50% a coabitação total (o excedente do número de famílias em relação ao de domicílios).
Estes são alguns dos dados e projeções do estudo “Análise das Necessidades Habitacionais e suas Tendências para os Próximos Dez Anos”, realizado por Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e Fundação Getulio Vargas (FGV), com o apoio do SindusCon-SP.
Anehab O estudo foi apresentado em 16 de outubro, no auditório deste sindicato, pelos economistas Ana Maria Castelo e Robson Gonçalves, da FGV.
Na abertura do evento, o vice-presidente de Habitação do SindusCon-SP, Ronaldo Cury, destacou que as conclusões do estudo mostram a necessidade de o próximo governo reforçar e ampliar o Programa Minha Casa, Minha Vida por seus benefícios em habitação, emprego, educação, segurança, saúde e meio ambiente.
Na mesma linha, o presidente da Abrainc, Marcio França, enfatizou conclusões do estudo, como o potencial de o fomento à habitação gerar 5,5 milhões de novos empregos até 2027.
Assistiram à apresentação o secretário municipal da Habitação de São Paulo, Fernando Chucre; o presidente da Federação Internacional Imobiliária (Fiabci-Brasil), Rodrigo Luna; o vereador Police Neto (PSD) e o professor de Economia da Unicamp e um dos formuladores do programa econômico do PT às eleições presidenciais, Ricardo Carneiro, entre outros. Também convidado, um integrantes da equipe econômica do programa do PSL não compareceu por ter viajado ao exterior.
Cenários possíveis

AnehabO estudo traça três cenários para o período até 2027: o Otimista, que pressupõe a melhora do perfil de distribuição de renda, com a ascensão econômica de famílias; o cenário Base, supondo que o atual perfil distributivo se manterá nestes dez anos; e o Pessimista, com piora da situação distributiva e o descenso econômico das famílias. Quanto melhor o cenário, menos unidades habitacionais serão necessárias para famílias com até 3 salários mínimos e mais para famílias com renda entre 3 e 10 salários mínimos.
Para financiar os 11,982 milhões de moradias no cenário Pessimista, até 2027 serão necessários em média R$ 154,2 bilhões por ano, dos quais R$ 104,8 bilhões para a faixa de até 3 salários mínimos; no cenário Base, R$ 240,7 bilhões (sendo R$ 77,1 bilhões para até 3 s. m.); e no cenário Otimista, R$ 318,8 bilhões (R$ 37,9 bilhões para até 3 s.m.).
Consequentemente, para cada um dos cenários, o estudo segmenta essas necessidades de recursos entre subsídios, verbas do FGTS, recursos de mercado e poupança própria dos adquirentes de imóveis. Com isso, chega a uma projeção de um hiato futuro no cenário Base (diferença entre a oferta prevista de recursos e a necessidade efetiva): anualmente, serão necessários aportes adicionais de R$ 9,7 bilhões em subsídios, R$ 22 bilhões no FGTS e R$ 6,3 bilhões do mercado.
AnehabO estudo ainda alerta que, mantida a atual flexibilização do Sistema de Financiamento Imobiliário, cerca de 4 milhões de famílias deixarão de ser elegíveis para a tomada de crédito de R$ 202 mil, se os juros se elevarem de 6% para 9% ao ano.
A importância da manutenção do Programa Minha Casa, Minha Vida é mostrada em números e projetada até 2027 para cada um dos cenários estudados. No cenário Base, o valor da produção será de R$ 6,9 bilhões, agregando R$ 3,6 bilhões ao PIB, empregando 5,5 milhões de pessoas e arrecadando R1,6 bilhão em tributos.
O estudo ainda enfatiza que, no período 2009 a junho de 2018, o valor total dos subsídios, de R$ 151 bilhões, foi totalmente recuperado com o volume de tributos arrecadado de R$ 163,4 bilhões.
Mais subsídios

_tuv3732_45385468841_oNos debates, o professor Ricardo Carneiro defendeu a necessidade de um plano emergencial a ser adotado nos primeiros 90 dias do próximo governo, com a retomada das obras paradas em habitação e infraestrutura. Ele propôs uma revisão, ainda neste ano, do Orçamento para 2019, de modo a elevar os subsídios à habitação de R$ 4 bilhões para R$ 10,2 bilhões. E chamou a atenção para duas propostas: reduzir a taxa de juros alta e volátil, para que o fomento à habitação não sobrecarregue o governo e os fundos; e a criação de um orçamento de investimento plurianual não contingenciado e que não entre no cômputo do déficit primário, onde seriam incluídos os investimentos com habitação e infraestrutura.
Carneiro também enfatizou a necessidade de concessões e manifestou preocupação com a redução da capacidade de financiamento do BNDES, por este estar sendo obrigado a devolver recursos ao Tesouro e ao FAT em prazo menor que o do retorno dos empréstimos feitos pelo banco com esses recursos.

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