Investir na prevenção de acidentes dá lucro, afirma Haruo Ishikawa

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Investir na prevenção de acidentes dá lucro, afirma Haruo Ishikawa

Levantamento realizado pelo Ministério Público do Trabalho em conjunto com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontou que, entre o começo de 2017 e março deste ano, ao menos um trabalhador brasileiro morreu a cada quatro horas e meia, vítima de acidente de trabalho.
Diante deste cenário, Haruo Ishikawa, vice-presidente do SindusCon-SP e presidente do Seconci-SP (Serviço Social da Construção Civil), chama a atenção para a importância dos cuidados com a segurança nas obras, por ocasião do “Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho”, no próximo dia 27 de julho.
Segundo Ishikawa, as empresas que fizeram as contas perceberam a importância da prevenção. “A empresa que investe em Saúde e Segurança do Trabalho sai no lucro. Aumenta a produtividade e gasta bem menos do que o prejuízo advindo de acidentes decorrentes da ausência de uma gestão prevencionista”, comenta.
Gestão é fundamental
O engenheiro de Segurança do Trabalho do Seconci-SP, Michel da Rocha Sotelo, ressalta que, apesar de ainda ser muito elevado, o número de mortes por motivos laborais vem caindo nos últimos anos. “A fiscalização dos órgãos governamentais e a conscientização de empresários e trabalhadores têm contribuído para esta redução”, comenta.
Sotelo aponta que a manutenção e a ampliação dos programas de Gestão de Segurança do Trabalho (GST) são fundamentais, tendo em vista os impactos sociais e econômicos de um acidente. “Além do dia de trabalho perdido, pois geralmente um acidente grave paralisa o canteiro, há o impacto psicológico da insegurança nos demais funcionários, contribuindo para a queda de produtividade, que poderá se estender por vários dias”, explica.
Outro impacto direto do aumento dos acidentes de trabalho é a elevação, pelo governo, da alíquota do Seguro de Acidentes no Trabalho (SAT, atualmente denominado RAT – Risco Ambiental do Trabalho). “Esta contribuição previdenciária destina-se a ressarcir o INSS dos gastos com acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Quando há escalada nos incidentes, esta alíquota, cobrada com base na folha de pagamento, pode até dobrar. Além disso, o INSS também tem movido ações judiciais contra as empresas para cobrir esses gastos”, diz Sotelo.
O processo trabalhista é mais um fator levantado pelo especialista, que pode impactar o caixa da empresa. “Em caso de acidentes, o Judiciário dificilmente julga a ação do trabalhador improcedente. E mesmo que o faça de acordo com o disposto na reforma trabalhista, obrigando o trabalhador a arcar com as custas do advogado da empresa, a totalidade das despesas da empresa com sua defesa não será coberta. ”
A escalada de acidentes em uma mesma empresa motiva representações de sindicatos ao Ministério Público do Trabalho. Este, constatando irregularidades, poderá solicitar o embargo da obra e a imposição de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) e multas pesadas à construtora”, salienta o engenheiro.
Fiscalização on line
Em janeiro de 2019, com a entrada em vigor da próxima fase do eSocial – plataforma criada pelo governo federal para envio das informações referentes às obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas dos funcionários –, a fiscalização das ações obrigatórias de mitigação de acidentes acontecerá on line, tornando-se imediata e efetiva.
De acordo com Sotelo, no caso das empresas da construção, que geralmente possuem empregados terceirizados em suas obras, a atenção precisará ser redobrada para evitar multas. “Os empresários precisam ter em mente que são corresponsáveis pelos terceirizados que atuam em suas obras. Por este motivo, é fundamental fiscalizar se a empresa subcontratada está em dia com suas responsabilidades e fornecendo os treinamentos e os Equipamentos de Proteção Individual adequados”, conclui.
Serviços
O SindusCon-SP oferece às empresas associadas os benefícios do Programa SindusCon-SP de Segurança, disponibilizando técnicos para visitas, orientações e palestras nas obras, na sede e nas Regionais.
Entre os objetivos do PSS estão contribuir com as empresas, visando à melhoria, proteção e saúde do trabalhador, bem como as condições do meio ambiente de trabalho, nos canteiros de obra. Além disso, propõe-se a mostrar a importância da segurança e saúde do trabalho para o aumento da qualidade e produtividade, tendo como suporte legal as atividades previstas nas Normas Regulamentadoras de segurança e saúde do trabalho vigente no Brasil.
A programação é feita diretamente com o técnico de segurança do trabalho do PSS e com o responsável pelo canteiro da empresa associada com base em uma lista com as opções disponíveis.
Para aderir ao PSS, as construtoras interessadas da Capital devem entrar em contato com a Central de Relacionamento na sede, pelo telefone (11) 3334-5600, e as do Interior com as respectivas Regionais.
Também estão abertas as inscrições para a 19ª Megasipat – Mega Semana Interna de Prevenção de Acidentes, o maior evento anual de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) da construção civil paulista.
Inteiramente gratuito, o evento forma multiplicadores de SST nas empresas, contribuindo para a saúde dos colaboradores e a produtividade das construtoras.
Realizado pelo sindicato em parceria com Senai-SP, Sesi-SP e Seconci-SP, com o apoio da Fiesp, a Megasipat contribui para a qualidade de vida dos trabalhadores e também auxilia as empresas do setor a complementarem suas Sipats – Semanas Internas de Prevenção de Acidentes de Trabalho.
O evento terá início em agosto e acontecerá em São Paulo e outros 11 municípios. Abordará ainda outros temas como higiene, medicina e segurança do trabalho, proteção ao meio ambiente, ética, cidadania e responsabilidade social. Haverá testes de acuidade visual, glicemia e pressão arterial e atividades envolvendo saúde e segurança do trabalho, nutrição e artesanato. Café da manhã, almoço e sorteio de brindes complementam a jornada.
Já o Seconci-SP oferece serviços para a elaboração dos programas e treinamentos prevencionistas. Podem ser solicitados por qualquer empresa, contribuinte ou não da entidade, através da área de Relações Empresariais, pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (11) 3664-5844.
*Com informações do Seconci-SP

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O que você precisa saber.
As últimas novidades sobre o mercado,
no seu e-mail todos os dias.

Pular para o conteúdo