SindusCon-SP muda projeção e agora prevê queda no PIB do setor em 2018

Rafael Marko

Por Rafael Marko

SindusCon-SP muda projeção e agora prevê queda no PIB do setor em 2018

Frente aos resultados apresentados pela economia até o momento, o SindusCon-SP (Sindicato da Construção) reviu sua projeção do Produto Interno Bruto (PIB) da construção para 2018. A revisão foi apresentada em 18 de setembro, na Reunião de Conjuntura da entidade, coordenada pelo vice-presidente de Economia, Eduardo Zaidan.
Anteriormente, havia a expectativa de um crescimento de 0,5% para este ano. Agora, dois cenários se delineiam. Se o PIB nacional crescer 1,4%, o da construção deverá cair -0,6%. E se o PIB nacional evoluir apenas 1,1%, o da construção deverá registrar -1%. Estas novas projeções foram calculadas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) para o SindusCon-SP.
“O cenário dos últimos meses, agravado pela incerteza eleitoral, contribuiu decisivamente para que não se resgatasse a confiança dos investidores, revertendo a expectativa de que a construção voltaria a crescer em 2018”, comenta o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto.
Alguns fatores que impactaram o cenário ao longo do ano são:
– a produção da indústria de materiais cresceu após a greve dos caminhoneiros, mas não voltou ao nível anterior;
– as expectativas dos empresários do setor em relação ao desempenho da construção nos próximos meses declinaram;
– o aumento em lançamentos e vendas no segmento imobiliário somente mostrará resultados na atividade da construção no ano que vem; e
– a persistência do alto grau de incerteza com o quadro eleitoral tolhe investimentos.
Segundo dados do IBGE, a produção de materiais caiu 4,8% no segundo trimestre, em relação ao primeiro, com uma variação acumulada no primeiro semestre de apenas 1,2%, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Os dados do instituto mostram ainda que o número de pessoas ocupadas na construção, de 6,5 milhões no primeiro semestre, caiu 3,3% em relação ao primeiro semestre de 2017, mostrando que o setor informal não está puxando o PIB da construção para cima, como se esperava.
A Sondagem Nacional da Indústria da Construção da FGV aponta que, a partir de junho, o número de empresas que preveem queda no emprego aumentou, em relação às que esperam crescimento. O emprego segue caindo em todos os segmentos, exceto em Engenharia e Arquitetura, o que mostra demanda maior apenas por projetos. Assim, a previsão do desempenho do nível de emprego formal no setor para este ano continua apontando uma queda de 2,9%.
Com relação aos insumos da construção, seus preços evoluíram em média 6,34% nos 12 meses encerrados em agosto, de acordo com o INCC-M. O vice-presidente de Economia, Eduardo Zaidan, observou que, apesar da baixa demanda, os maiores aumentos têm se situado em setores de produção oligopolizada, como aço, vidro, cimento e gesso.
Quanto ao mercado imobiliário, os indicadores dos últimos 12 meses até junho indicam aumento de 34,4% dos lançamentos e 11,5% nas vendas. O crédito imobiliário, após um forte declínio, começou a se recuperar lentamente neste ano: as contratações cresceram 22% no primeiro semestre, na comparação com o mesmo período de 2017.
Perspectivas
Analisando as possibilidades de evolução da conjuntura no período eleitoral, o professor Robson Gonçalves, da FGV, manifestou a expectativa de queda na taxa de câmbio, como já ocorreu após outras eleições presidenciais no Brasil.
Gonçalves chamou a atenção para as dificuldades que o próximo governo terá em impulsionar o crescimento da economia. Daí, segundo ele, a importância de a indústria da construção formular e implementar ações que tragam mais funding para o setor, destravem obras paralisadas e aqueçam o mercado imobiliário e de infraestrutura. Observou que outros setores farão o mesmo e “quem conseguir vender melhor suas propostas, articular-se com outros segmentos da sociedade e obter visibilidade na imprensa, será o protagonistas do crescimento”.
Ana Maria observou que, qualquer que seja o presidente eleito, ele deverá se defrontar com o desafio de cortar despesas e elevar a arrecadação para conter o rombo fiscal, que se elevará a 75% do PIB, se nada for feito. Outra alternativa para tanto seria permitir a volta da inflação, o que não está no horizonte de nenhum dos programas de governo, acrescentou.

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