Avaliação do ciclo de vida é apresentado por SindusCon-SP e GBC

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Avaliação do ciclo de vida é apresentado por SindusCon-SP e GBC

Com objetivo de promover a difusão dos conceitos da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) e sua potencialidade de aplicação no setor da construção civil e áreas afins, identificando desafios e oportunidades para melhoria de desempenho, o SindusCon-SP, com apoio do Green Building Council Brasil (GBC Brasil), realizou no dia 22 de agosto o workshop ACV de A a Z com a participação de interlocutores da academia, órgãos governamentais, certificadoras, indústrias e construtoras.
A ACV é uma técnica que estuda os aspectos ambientais e os impactos potenciais – positivos e negativos – ao longo da vida de um produto ou serviço, desde a extração da matéria-prima até a destinação final.
Com o emprego da ACV, é possível, por exemplo, estimular a definição de indicadores e metas de desempenho ambiental; identificar oportunidades para melhoria de desempenho; e assegurar competitividade frente a políticas de compras sustentáveis e demandas de acionistas.
No início do workshop, o SindusCon-SP e o GBC Brasil firmaram parceria para promover o tema (saiba mais). Realizado com apoio do Green Building Council Brasil (GBC Brasil), o evento teve o patrocínio da Caixa Econômica Federal, da Isover Saint Gobain e da Votorantim Cimentos.

Geração de valor
IMG_2832A professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná e coordenadora do programa ACV de A a Z, Cassia Ugaya, destacou a importância na geração de valor para sustentabilidade com uso da ACV. “A academia tem um importante papel na pesquisa e desenvolvimento do tema, trabalhando não só para a sustentabilidade, mas para trazer valor para a cadeia produtiva”, afirmou.
Com aplicação em vários setores, o Brasil teve avanços no agronegócio focado no mercado de produtos verdes da União Europeia para a criação de um selo único que contemple a avaliação ambiental, social e econômica do ciclo de vida do produto.
Outro exemplo significativo é o estudo da Federação da Indústria do Paraná sobre o perfil dos profissionais para o futuro da indústria paranaense que apontou que as empresas devem inserir nos negócios a gestão do ciclo de vida e de resíduos como potencial fator de competitividade.
Segundo Cassia, a ACV permite comparar dados brasileiros e internacionais em algumas características se nossos impactos têm maior ou menor importância com relação aos internacionais. “Estas informações não dizem se são melhores ou não, mas indicam as oportunidades que podem ser trabalhadas para melhorar o produto. A ferramenta ACV é relevante no aspecto de quantificar a sustentabilidade.”
Oportunidades para o setor privado
IMG_2929O painel Experiências, desafios e oportunidades para o setor privado, coordenado por Vanessa Gomes da Unicamp, trouxe resultados da elaboração de inventários de ciclo de vida de produtos cimentícios no Brasil. “A participação do IPT e do setor empresarial neste painel traz visões interessantes e complementares.”
A pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Fernanda Belizário, apresentou o Projeto Sustainable Recycling Industries (SRI) / Ecoinvent promovido pelo governo da Suíça que tem interesse nas informações de ACV por ser um consumidor dos produtos cimentícios brasileiros.
Os objetivos deste projeto são: aumentar a disponibilidade de dados brasileiros confiáveis para que o ACV seja uma ferramenta efetiva, capacitação técnica e possibilidade de integração dos dados para a elaboração das declarações ambientais dos produtos. Como resultado, o IPT elaborou 27 inventários de ciclo de vida de produtos de construção e capacitou profissionais nacionais para que possam ampliar a elaboração dos inventários de ciclo de vida.
IMG_2978Transparência nas informações melhorando as relações com os clientes e melhoria do produto em todos os estágios da vida reduzindo custos e impactos ambientais e promoção da inovação nos processos. Estes foram os principais motivos destacados como indutores na adoção da ACV como ferramenta científica para avaliação dos impactos de produtos de construção e dos edifícios. Estes requisitos norteiam os trabalhos desenvolvidos nas empresas por Fábio Cirilo, consultor de Ecoeficiência da Votorantim Cimentos e Marcela Felix Calabre, coordenadora de Marketing da Isover Saint Gobain.
Criação de valor
IMG_3016Sonia Chapman, gestora da Rede Empresarial Brasileira de ACV, informou que a Rede busca ser um grupo empresarial de referência para a aplicação e desenvolvimento da avaliação de ciclo de vida no Brasil. Suas ações são focadas em criar um ambiente de cooperação entre empresas interessadas no uso de ACV no Brasil, que permita a otimização de recursos. Educar e capacitar, disponibilizar e disseminar informações sobre ACV no Brasil, colaborar e apoiar o governo na consolidação do Banco Nacional de Inventários do Ciclo de Vida.
As empresas associadas à rede entendem que é tendência global a aplicação de ACV na tomada de decisão. “Compras sustentáveis, precificação de carbono, economia circular, logística reversa são diferenciais de competitividade”, afirmou Sonia. “Há recursos de fontes de financiamento para estudos de ACV e as empresas precisam saber como acessar. Este é um dos papéis da Rede ACV.”
IMG_3140O segundo painel, moderado pela coordenadora técnica do Comitê de Meio Ambiente (Comasp) do SindusCon-SP Lilian Sarrouf, tratou dos desafios para implementação da ACV no poder público. “É fundamental avançarmos na formação de um banco de dados nacional. A avaliação do ciclo de vida dos edifícios depende destes dados. A indústria precisa se engajar”, afirmou Lilian.
“E qual modelo de negócio para um banco de Dados de ACV? Como criar valor?” A provocação foi do pesquisador do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), Thiago Oliveira.
O IBICT tem trabalhado no desenvolvimento do Banco Nacional de Inventários do Ciclo de Vida (SICV) que disponibiliza informações gratuitamente. O instituto publicou o Guia Qualidata – Requisitos de Qualidade de Dados para o SICV. “Atualmente o SICV Brasil contempla 15 inventários do setor agrícola e esperamos que os inventários apresentados neste evento possam estar disponíveis em breve”, comentou Oliveira.
Sustentabilidade na construção
IMG_3119O gerente do Departamento de Políticas Públicas de Resíduos Sólidos e Eficiência dos Recursos Naturais da Cetesb, Flavio de Miranda Ribeiro, ressaltou a importância do setor da construção nas questões ambientais. “É necessária uma evolução qualitativa da eficiência dos recursos naturais (economia circular) e a ACV é a ferramenta naturalmente apta para apoiar esta transição”, afirmou.
Ribeiro entende que é possível melhorar os critérios para as compras públicas sustentáveis com a inserção de requisitos abrangidos pela ACV, propondo retomar a discussão sobre critérios de construção civil sustentável como parte do convênio entre Secretaria de Meio Ambiente, Cetesb e SindusCon-SP.
IMG_3103Uma ferramenta importante para o avanço da construção sustentável é a rotulagem ambiental proporcionada pelo Programa de Declarações Ambientais ou Environmental Product Declaration (EPD). A informação foi apresentada pelo responsável técnico pelo programa na Fundação Vanzolini, Felipe Queiroz Coelho.
Esta rotulagem declara o perfil ambiental do produto ao longo do seu ciclo de vida para comunicação business-to-business e business-to-consumer. Atualmente existem 12 declarações ambientais de produtos brasileiros publicadas no International EPD System. “Certificações como o LEED do GBC começam a solicitar o EPD dos produtos e este movimento tende a impulsionar a procura das declarações pelos fabricantes”, finalizou Coelho.
Texto: Lilian Sarrouf
Fotos: Enzo Bertolini e Flávio Guarnieri

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