SindusCon-SP: “Queda no PIB é fortemente influenciada pela crise política”

Enzo Bertolini

Por Enzo Bertolini

SindusCon-SP: “Queda no PIB é fortemente influenciada pela crise política”

A retração de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 expõe as decisões equivocadas do governo federal no último ano e é fortemente influenciada pela crise política que paralisa o Brasil. A avaliação é do SindusCon-SP. A queda é a maior da série histórica iniciada em 1996, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em valores, o PIB somou R$ 5,904 trilhões. Já o PIB per capita passou para R$ 28.876,00, queda de 4,6% na mesma comparação.
De acordo com o IBGE, a formação bruta de capital fixo registrou queda de 14,1% em 2015, ante os 4,5% de 2014, o que representou também o pior resultado da série iniciada em 1996. Isso se deve, principalmente, ao recuo da produção interna e da importação de bens de capital, tendo influência do desempenho negativo da construção.
Dessa forma, a taxa de investimento retrocedeu de 20,18% para 18,16%. Em uma perspectiva de longo prazo, a retração do investimento é a mais preocupante, pois tende a agravar as condições de oferta, limitando a capacidade de recuperação futura da economia.
“O forte desempenho negativo do PIB da construção contribuiu para as quedas do PIB da economia brasileira e da Formação Bruta de Capital Fixo. Devido à crise política que reduziu drasticamente a confiança dos investidores, estimamos nova queda de 5% do PIB da construção para 2016”, afirma o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto.
Apesar de registrar pequeno crescimento no último trimestre do ano (0,4%), o setor da construção fechou com queda de 7,6%, a segunda maior desde 2003 quando a retração setorial alcançou 8,9%. Na comparação com outras atividades, a retração anual da construção só não foi superior à redução da indústria de transformação (-9,7%) e do comércio (-8,9%). Na comparação com o último trimestre de 2014, o PIB da construção teve redução de 5,2%.
Em valor, o PIB da construção somou R$ 325,1 bilhões, levando a participação do setor no PIB do País a cair de 5,69% em 2014, para 5,51%. “Os resultados do PIB e as perspectivas de mercado não sugerem nenhum indício de recuperação no horizonte visível, indicando que a recessão atual ainda não encontrou seu “fundo do poço”, diz o presidente do SindusCon-SP.
Em 2013, último ano para o qual se dispõe de dados das empresas, já se observou uma redução na participação do setor formal no PIB setorial, de 61% para 58%. Os números do emprego com carteira, que apontaram queda no estoque de empregados de 10% em 2015, indicam que o segmento formal teve ter reduzido novamente sua participação.
“Em um contexto recessivo e inflacionário, precisamos lutar pela reativação econômica com investi­mentos em infraestrutura e habitação. Nosso atual hiato de infraestrutura é da ordem de US$ 500 bi. Para que o investimento em infraestrutura seja da ordem de 5,5% do PIB são necessários outros US$ 110 bi ao ano”, diz Romeu Ferraz. “Investir em construção hoje é preparar o terreno para o crescimento de amanhã.”

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