Construcarta Preços: Mês de junho teve deflação

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Construcarta Preços: Mês de junho teve deflação

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou no mês de junho a primeira queda nos últimos 11 anos. Em maio, houve um crescimento de 0,31%. No mês passado, porém, o IPCA caiu 0,23%, registrando, assim, o primeiro mês de deflação desde junho de 2006, quando a taxa caiu 0,21%.
Os principais responsáveis pela queda do nível de preços foram os setores de Alimentação e Bebidas, com uma queda de 0,50%, Habitação, que registrou uma redução de 0,77%, e Transportes, cujo índice variou 0,52% negativamente.
No primeiro desses setores, o segmento de alimentos para consumo em casa foi o principal responsável pela queda, tendo como determinante o bom desempenho da agropecuária, que garantiu uma maior oferta de produtos agrícolas. Esse efeito é bastante comum nos meses de junho e julho, que se caracterizam por um clima bom para a agricultura.
Nos demais setores, a redução de preço se explica pela política de preços administrados, uma vez que os segmentos que apresentaram maior redução de preços foram energia elétrica e combustíveis. A nova política para preços de combustíveis, que tem permitido sua flutuação de acordo com variações de preços do barril do petróleo e do câmbio, em conjunto com o aumento da frequência de mudança de bandeiras tarifárias em energia, geraram uma redução atípica dos preços no mês passado.
Desta forma, é possível afirmar que a deflação verificada em junho é bastante específica e não reflete uma tendência mais ampla. Nos próximos meses, o país deve voltar a apresentar inflação, ainda que mais contida do que se verificava anteriormente.
O quadro deflacionário, portanto, não deve ser compreendido como estrutural. Ao se analisar a inflação acumulada nos últimos 12 meses (Figura 1), o que se verifica é um processo claro de redução da taxa inflação.
Até dezembro de 2014, o IPCA estava próximo ao teto da meta de inflação, que era de 6,5%. Porém, a partir do mês seguinte, o índice apresentou um processo contínuo de aumento atingindo seu pico em janeiro de 2016, quando o índice chegou a 10,7% ao ano. Desde então, o IPCA acumulado vem apresentando redução e, atualmente, já está em 3,0% ao ano – bastante abaixo do centro da meta, que é de 4,5%. Esse processo de redução quase contínua está associado a um grupo de fatores. Além do já mencionado efeito causado pela deflação dos preços administrados e pelo efeito sazonal dos preços dos alimentos, a crise econômica e o aumento do desemprego, assim como políticas de direcionamento das expectativas de longo prazo, como a redução da meta de inflação para 2019 e 2020, corroboraram para uma relevante redução da taxa acumulada.
No caso da redução da atividade, o efeito sobre o nível de preços é verificado em decorrência da queda do consumo, que estimula produtores e comerciantes a reduzirem suas margens para manter o nível de vendas (ou pelo menos para minimizar sua queda).
No caso da redução da meta de inflação, o efeito se dá via expectativas, pois o Banco Central demonstra que adotará uma política conservadora com relação a queda da taxa de juros.

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