Desplacamento cerâmico é problema setorial e requer mobilização da cadeia produtiva

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Desplacamento cerâmico é problema setorial e requer mobilização da cadeia produtiva

O desplacamento de revestimentos cerâmicos internos, que tem ocorrido em quase todo o território nacional há pelo menos dois anos, foi amplamente discutido na sede do SindusCon-SP, nesta quinta-feira (28). O evento, que reuniu mais de 300 pessoas, entre participantes que lotaram o auditório do sindicato e os que assistiram as palestras pela internet, em diversas regiões do país, contou com a participação de profissionais e especialistas que estão acompanhando de perto o assunto, como o consultor Gilberto de Ranieri Cavani e Roberto José Falcão Bauer, vice-presidente de Relações Capital Trabalho e Responsabilidade Social do SindusCon-SP.
Abertura desplacamento cerâmicoO vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, Paulo Sanchez, lembrou que o problema já está prejudicando imagem da construção civil. “Trata-se de uma questão setorial e a grande procura do público para assistir às palestras comprova a importância do assunto. Essa patologia pode ter como causa a cerâmica, a argamassa ou até a junção das duas. Mas não tem como ser exclusivamente causada pela mão de obra. A cadeia toda tem sofrido, por isso é preciso colocar as responsabilidades nos lugares corretos,” destacou Sanchez.
Para o coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP (CTQ), Yorki Estefan, “a construção tem assumido prejuízos milionários por causa do desplacamento. O grande número de inscritos para o workshop em diferentes estados brasileiros atesta que o problema é nacional e o debate de hoje confirmou o que temos observado nos empreendimentos: os casos de desplacamento têm ocorrido com cerâmicas produzidas pelo processo de via seca,” destacou Yorki.
Pesquisa
Segundos dados da pesquisa inédita “Desplacamento do revestimento interno cerâmico”, 20,7%, das construtoras participantes tiveram problemas de desplacamento cerâmico em suas obras e 100% dos casos foram empregadas placas fabricadas por via seca. Realizada pela Neoway Criactive e coordenada pelo SindusCon-SP com 87 construtoras de todo o país, classificadas como empresas de médio e grande porte, a pesquisa mostra ainda que na maioria dos casos (81,4%), o problema surgiu até o segundo ano após a aplicação.
Encerramento desplacamento cerâmicoPara corroborar o fato, o diretor da Tecnisa e coordenador do Comitê de Meio Ambiente (Comasp) do SindusCon-SP, Fabio Villas Bôas, apresentou um estudo da empresa no qual foram analisadas obras que empregaram cerâmicas produzidas pelos processos de via seca e de via úmida. Interessante notar que, nas obras em que não houve registro de patologias, foram assentadas cerâmicas produzidas por via úmida. “Quando fomos corrigir os problemas, ficou claro: nas superfícies onde estavam assentadas cerâmicas produzidas por via seca, houve facilidade em retirá-las e as peças se soltaram praticamente intactas”, afirmou.
O refazimento dos serviços também foi analisado nesse estudo. “Cada novo processo demanda de sete a 10 dias úteis para a conclusão, causando transtornos intangíveis aos clientes e prejuízo aproximado, por unidade, de R$ 10 mil à construtora, que precisa embalar e retirar móveis; repor o que for quebrado e, muitas vezes, hospedar os moradores em hotéis, quando a obra impossibilita a permanência na residência”, informou Villas Boas. Os transtornos causados ao setor não são apenas financeiros, mas também de imagem. “O prejuízo financeiro é relevante, mas a exposição negativa das empresas é muito mais grave,” alertou o engenheiro.
Mão de obra
As diversas análises mostram que o desplacamento tem ocorrido tanto quando o assentamento é realizado pela mesma equipe como quando é feito por um grupo diferente de trabalhadores.  “Temos igrejas e casas construídas no século XIX, nas quais as cerâmicas permanecem intactas”, destacou o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, Jorge Batlouni. “É necessário haver uma revisão de normas técnicas e precisamos caminhar para a solução efetiva do problema, sob pena de os materiais cerâmicos não serem mais utilizados no Brasil na escala atual, como já aconteceu em outros países.”

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