Evento marca conclusão do apoio da União Europeia a madeira legal

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Evento marca conclusão do apoio da União Europeia a madeira legal

O Seminário Avanços e Desafios da Madeira Tropical Amazônica, realizado no Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) na última quinta-feira (3), apresentou as ações do projeto Governança Florestal e Comércio Sustentável da Madeira Amazônica. Essa e outras iniciativas deram origem ao Programa Madeira é Legal, apoiado por 27 instituições, incluindo o sindicato. Na ocasião também foram levantados os desafios para a continuidade das ações.
Na abertura o vice-presidente do SindusCon-SP, Francisco Vasconcellos, disse que ao longo dos anos, o sindicato tem demonstrado compromisso com a madeira legal. “As construtoras do estado de São Paulo não têm apenas essa preocupação, mas também estão empenhadas na busca de informação e orientação para que possam fazer a parte que lhes cabe dentro do processo.”
O estado de São Paulo é um dos grandes consumidores, utiliza 25% da madeira extraída da Floresta Amazônica. “Por isso a sua importância como pioneiro no lançamento do Programa Madeira é Legal, em conjunto com a construção civil, e diversas instituições”, disse o chefe da Delegação da União Europeia no Brasil, o embaixador João Cravinho.
“Estamos vivendo hoje uma fase de transição, conseguimos ver horizontes, mecanismos e sistemas. É possível ter articulação intersetorial, que é fundamental. Embora nem todos os problemas tenham sido solucionados, há perspectivas e oportunidades interessantes para o setor, que é de valorização da floresta”, disse o coordenador do Programa Amazônia, Marco Lentini.
Programa Madeira é Legal
Há dez anos, a construção civil era vista como vilã quando o tema era compra de madeira. Segundo a coordenadora técnica do Comitê de Meio Ambiente (Comasp) do SindusCon-SP, Lilian Sarrouf, o grande desafio sempre foi a questão da oferta e demanda. “Os produtores vêm nos oferecer as toras e o m3 da madeira, mas utilizamos nas obras produtos como: janelas, portas, vigas, madeiramento para telhado, assoalho etc.”
Essa realidade passou a mudar quando consumidor, revenda, produtor, organização não governamental, instituto de pesquisa e universidade se uniram com o um único objetivo que era a madeira legal no estado de São Paulo. “Ao invés de atacar um ao outro, juntamos esforços e surgiu a ideia do programa Madeira é Legal.”
De acordo com ela, hoje uma empresa que não compra madeira de origem legal está sujeita a várias penalidades, que podem afetar a sua competitividade. “Estamos demonstrando que no dia a dia das empresas da construção civil temos que internalizar esses conceitos”, disse.
O próximo passo será a madeira responsável, um desafio que envolverá produtor, revendas e o consumidor. “Temos que facilitar o contato e ampliar o mercado. Isso inclui inovação e tecnologia. A construção civil atualmente é industrializada, não podemos mais trabalhar de forma artesanal, precisamos de garantia de produto.” Para ela, é preciso reunir os agentes participantes e alinhar as ações, promovendo o engajamento de todos da cadeia produtiva.
Governança da madeira tropical
Para o pesquisador da Rede Amigos da Amazônia (RAA), Rafael Murta, para tratar de governança é preciso considerar três pontos: o contexto ambiental, de uma floresta que necessita de conservação; a economia, como tratar essa floresta que é um ativo natural e se converte em desenvolvimento e renda; e as pessoas que vivem dentro da floresta e necessitam de renda. “O desafio é o diálogo, que deve ser incessante. O grande legado do Projeto Governança Florestal e Comércio Sustentável da Madeira Amazônica é pensar que construir processos de governança, envolve tomada de decisão em todos os níveis, com os atores do processo.”
Segundo o vice-presidente do Sindmóveis/AC e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fie AC), George Dobré, é preciso promover uma mudança de paradigma. “Temos que pensar que não usamos madeira, e sim floresta.”
Atualmente na exploração florestal, 33% da árvore fica no manejo florestal. Na parte de beneficiamento são mais 50% e, por fim, chega a construção civil. Cada 100 m3 de árvore derrubada, gera 30m3 de produto acabado. “Dentro da governança é preciso existir uma conversa dentro de setor e fazer um “meia culpa”. Não é possível explorar cada vez mais matéria da floresta.”
Projeto Governança Florestal e Comércio Sustentável da Madeira Amazônica
Financiado pela União Europeia, no valor de 5 milhões de euros, e com o apoio do WWF-Brasil, da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Rede Amigos da Amazônica, o projeto teve como objetivo contribuir com a conservação da Floresta Amazônica por meio da promoção da gestão sustentável da floresta e o comércio de produtos de madeira com procedimentos que regulam a produção, aquisição e controle.
O projeto tinha como meta promover um aumento de 15% do volume de madeira legalizada da Amazônia até 2015, que é comercializada nos mercados nacionais e internacionais. O desmatamento no Brasil corresponde a 20% das emissões de gases de efeito estufa, responsável pelo aquecimento global, e pela perda de biodiversidade, problema que se repete em outras partes do planeta.
No entanto, há alguns anos vem crescendo uma conscientização generalizada, e como consequência os mercados estão cada vez mais exigentes quanto ao controle da produção da madeira. Muitas compradoras de produtos florestais exigem o cumprimento de normas e procedimentos que garantam a origem do material. Hoje a União Europeia recebe 25% da madeira exportada pelo Brasil.
Participaram da cerimônia da abertura do evento a secretaria adjunta da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Cristina Azevedo; secretário adjunto da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Cidade de São Paulo, Romildo Campello, o coordenador do Programa Amazônia, Marco Lentini e o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fernando Burgo.

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