Brasil é penúltimo colocado em ranking de competitividade

Enzo Bertolini

Por Enzo Bertolini

Brasil é penúltimo colocado em ranking de competitividade

O Brasil não avançou no ranking Competitividade Brasil 2017-2018 e permaneceu na penúltima colocação em uma lista de 17 países avaliados – só permanece à frente da Argentina. No primeiro lugar da lista está o Canadá, seguido por Coreia do Sul, Austrália, China, Espanha e Chile.
Elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o levantamento anual compara o Brasil com países de economias similares: África do Sul, Argentina, Austrália, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, Índia, Indonésia, México, Peru, Polônia, Rússia, Tailândia e Turquia. Os países são avaliados em nove fatores decisivos para a competitividade (disponibilidade e custo de mão de obra, disponibilidade e custo de capital, infraestrutura e logística, peso dos tributos, ambiente macroeconômico, competição e escala do mercado doméstico, ambiente de negócios, educação, e tecnologia e inovação) e 20 subfatores que afetam a eficiência e o desempenho das empresas na conquista de mercados.
Ranking de competitividadeO País avançou do 11º para o 4º lugar no quesito disponibilidade e custo da mão de obra em 2017. O país também avançou uma posição – passou do 16º para o 15º lugar – no quesito peso dos tributos.
Além de não galgar posições na classificação geral, o Brasil ainda corre o risco de ser superado pela Argentina e cair para o último lugar do ranking. O estudo mostra que, em 2017, os portenhos passaram à frente do Brasil nos fatores ambiente macroeconômico e ambiente de negócios. Em outros três fatores – disponibilidade e custo de capital, infraestrutura e logística, e educação, a Argentina está na frente do Brasil.
“A Argentina vem melhorando seu ambiente de negócios e reduzindo o desequilíbrio das contas públicas”, afirma o gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca. Ele lembra que o Brasil fez mudanças importantes em 2017, mas os demais países também estão avançando e conseguem se manter à frente na corrida da competitividade. “Para enfrentar os competidores, o Brasil precisa atacar problemas antigos e fazer as reformas que melhorem o ambiente de negócios e o ambiente macroeconômico”, completa Fonseca.
Entre 2016 e 2017, o Brasil caiu da 15ª para a 17ª posição no fator infraestrutura e logística como resultado da baixa competitividade nos subfatores infraestrutura de transportes, de energia e logística internacional. Exemplo da baixa competitividade do Brasil no quesito infraestrutura é o elevado custo da energia elétrica para a indústria. Aqui, o kWh custava US$ 0,15 em 2016. No Chile, país com a segunda maior tarifa, o custo do kWh era de US$ 0,12.
Mão de obra e impostos
Conforme o estudo, o Brasil só fica entre os cinco primeiros colocados no fator disponibilidade e custo da mão de obra. O primeiro lugar neste fator é da Indonésia, seguida pelo Peru e a China. “Na comparação com o ranking de 2016, o Brasil avançou sete posições no fator disponibilidade e custo da mão de obra, o maior avanço registrado entre os 16 países considerados, e voltou a ocupar o terço superior do ranking”, informa a CNI.
O Brasil também avançou uma posição no fator peso dos tributos e assumiu a 15ª posição que, no ranking de 2016, era ocupada pela Polônia. Nesse fator, a Tailândia ocupa o primeiro lugar e a Indonésia, o segundo. Em 2017, o Brasil ficou à frente de Argentina (18º lugar), Espanha (17º lugar) e Polônia (16º). Mesmo assim, o país se mantém em uma posição desfavorável, especialmente porque o total de impostos recolhidos pelas empresas equivalia, em 2017, a 68,4% do lucro. No Canadá, que está no 3º lugar do ranking do peso dos tributos, esse valor equivale a 20,9% do lucro das empresas.
Lanterna
O Brasil está em último lugar do ranking nos fatores ambiente macroeconômico, ambiente de negócios e disponibilidade e custo de capital. No fator ambiente de negócios, a Argentina passou à frente do Brasil, onde a eficiência do Estado, a segurança jurídica, a burocracia e as relações do trabalho têm a pior avaliação entre os países que integram o ranking. A avaliação dos argentinos melhorou nos subfatores eficiência do Estado e em segurança jurídica, burocracia e relações do trabalho.
O Brasil também é o último do ranking no fator ambiente macroeconômico. “Taxa de inflação, dívida bruta e carga de juros elevadas e baixa taxa de investimento contribuem para a falta de competitividade do país”, diz o estudo. Nesse fator, a China está em primeiro lugar. Em segundo, vem a Indonésia e, em terceiro, a Turquia.
Atuando no pior ambiente macroeconômico e em um ambiente de negócios desfavorável, a indústria brasileira terá dificuldades de se recuperar da crise. “Se não avançarmos na agenda de competitividade, a reação será de curta duração”, observa Fonseca. Por isso, destaca ele, “é importante que o Brasil faça as reformas estruturais, como a da Previdência e a tributária, para garantir o equilíbrio das contas públicas no longo prazo e estimular os investimentos”.

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