Norma de saídas de emergência ganha proposta de renovação

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Norma de saídas de emergência ganha proposta de renovação

As inovações contidas em uma proposta de texto-base para a revisão da NBR 9077 – Saídas de emergência em edifícios – foram apresentadas em seminário realizado pelo SindusCon-SP, por meio dos Comitês de Tecnologia e Qualidade (CTQ) e de Meio Ambiente (Comasp), com correalização do Senai e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em 14 de dezembro, no sindicato.
Jorge BatlouniAo abrir o evento, o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, Jorge Batlouni, chamou a atenção para uma destas inovações – a norma precisa levar em conta o estado de atenção da pessoa que está dentro do edifício afetado por incêndio.
Segundo ele, o passo seguinte será envolver as entidades de projetistas, construtoras e incorporadoras, bem como Corpos de Bombeiros e Prefeituras, para a necessidade revisão da norma. “Precisamos atualizar uma norma que tem 16 anos e evitar a repetição de fatos tristes recentes”, destacou, referindo-se ao incêndio da boate Kiss, no Rio Grande do Sul.
Batlouni também informou que, com o fim do imposto sindical, o SindusCon-SP abriu-se à associação de construtoras, fornecedores e academia. “Estamos deixando de ser apenas um sindicato e nos transformando em uma associação voltada principalmente ao aprimoramento técnico da cadeia produtiva do setor”, afirmou.
Salvador BenevidesA proposta de texto-base é o primeiro passo para se solicitar à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a reabertura da norma, explicou o superintendente do CB-002 daquela entidade, Salvador Benevides. “Aceito o pedido, uma Comissão de Estudos será instituída, aberta à participação de toda a sociedade, sem preferência para alguma instituição ou Estado, e se inicia o processo de revisão, que pode levar de 1 a 4 ou 5 anos para a publicação da norma revista. Espero que o processo seja rápido, uma vez que está em jogo não só a segurança patrimonial como a das pessoas, para que situações tristes [como a da boate Kiss] não voltem a se repetir”, disse.
Batlouni, Benevides e o líder de Acompanhamento de Normas Técnicas da Comissão de Materiais da CBIC, Roberto Matozinhos, elogiaram a equipe de técnicos que produziu a proposta de texto base. “São especialistas com profundo conhecimento do assunto. Esperamos a construção de um consenso na revisão da norma, atendendo a um anseio da sociedade”, declarou.
Perfil de risco
Em sua apresentação, a professora da FAU-USP, Rosaria Ono, apresentou as inovações propostas, como a preocupação com o abandono seguro do local de incêndio e com o salvamento e resgate dos ocupantes da edificação incendiada por acidente e desde um único foco.
IMG_6817A partir da condição deste ocupante (desperto, alcoolizado ou dormindo, familiarizado ou não com o edifício, com mobilidade total ou parcial) e da velocidade de expansão do fogo, o texto-base proposto criou um Perfil de Risco. Este perfil definirá as exigências do projeto, como a estratégia de evacuação, que poderá prever evacuação simultânea, evacuação faseada ou ambas. Escadas deverão ter degraus regulares e as rampas serem acessíveis, seguindo a NBR 9050. Áreas de resgate e de refúgio, bem como alarmes e iluminação de emergência estão contempladas, devendo a norma ainda definir as responsabilidades no gerenciamento e na comunicação dos procedimento na situação de emergência.
IMG_6839O arquiteto Marcos Valentim informou que a intenção é de nova denominação da norma: Dimensionamento e proteção contra incêndio dos elementos de circulação em edifícios. Ele chamou a atenção para a exigência de, no mínimo, duas saídas de emergência. E mostrou as diversas possibilidades de projetos segundo o uso da edificação e do perfil de seus ocupantes.
Ele destacou ainda a importância do posicionamento das rotas alternativas e a novidade da abordagem sobre a estratégia de abandono progressivo do edifício. Mostrou detalhes sobre a projeção da definição de distâncias máximas de caminhamento, larguras mínimas horizontais para escadas, subdivisão de corredores separados por portas corta-fogo e larguras das saídas verticais.
Na sequência, os especialistas Walter Negrisolo e Alfonso Gill apresentaram exemplos práticas de aplicação das propostas do texto-base, seguindo-se debates.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O que você precisa saber.
As últimas novidades sobre o mercado,
no seu e-mail todos os dias.

Pular para o conteúdo